O Parlamento ucraniano aprovou, nesta terça-feira (20), um projeto de lei que prevê a proibição da Igreja Ortodoxa vinculada à Federação Russa, após dois anos e meio de agressão russa na Ucrânia, anunciaram vários deputados.
A decisão é uma tentativa de Kiev de “destruir a ortodoxia canônica e verdadeira e de colocar em seu lugar uma substituta, uma falsa Igreja”, criticou a porta-voz da diplomacia russa, Sofia Petrova, citada por uma emissora estatal de televisão.
“Decisão histórica! O Parlamento votou um projeto de lei que proíbe uma filial do país agressor na Ucrânia”, escreveu no Telegram a deputada Natalia Kovalenko.
No total, 265 deputados votaram a favor do projeto de lei que proíbe as organizações religiosas vinculadas à Federação Russa, incluindo a Igreja Ortodoxa ucraniana ligada ao Patriarcado de Moscou.
O projeto, que precisava de 226 votos dos 450 deputados do Parlamento, deve ser promulgado pelo presidente Volodymyr Zelensky para entrar em vigor.
“Não haverá Igreja de Moscou na Ucrânia”, declarou o chefe do gabinete presidencial ucraniano, Andrii Yermak, no Telegram.
A Igreja alvo da decisão era a mais popular na Ucrânia, país de maioria ortodoxa. Mas a instituição perdeu muitos fiéis nos últimos anos, à medida que o sentimento nacional ucraniano ganhou força diante da ex-potência russa.
O processo foi acelerado com a criação, em 2018, de uma Igreja Ortodoxa ucraniana independente de Moscou e depois com o início, em fevereiro de 2022, da agressão russa da Ucrânia, abertamente apoiada pelo Patriarcado de Moscou.
O deputado Oleksandr Kuzmin afirmou que a nova lei dará o prazo de nove meses às paróquias da Igreja afetada para que “rompam os laços com a Igreja Ortodoxa russa”.
A Igreja vinculada à Federação Russa ainda tem quase nove mil paróquias na Ucrânia, contra entre oito e nove mil da Igreja Ortodoxa independente da tutela de Moscou, segundo a imprensa.
A eliminação dos templos vinculados a Moscou pode demorar meses, ou até anos, já que a proibição de cada um precisará da aprovação de um tribunal, segundo especialistas ucranianos.