O assessor especial da Presidência da República Celso Amorim voltou a cobrar nesta quinta-feira a divulgação das atas da eleição presidencial na Venezuela. Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado, o ex-chanceler afirmou que o governo Lula (PT) só reconhecerá o resultado da votação após a publicação dos documentos.
O Conselho Nacional Eleitoral venezuelano anunciou que o presidente Nicolás Maduro foi reeleito para o terceiro mandato com 51,95% dos votos. O principal candidato da oposição, Edmundo González Urrutia, recebeu 43,18%, de acordo com a entidade. A Organização dos Estados Americanos, os Estados Unidos e a União Europeia não reconhecem o resultado.
“Já está muito clara a impaciência do presidente Lula com relação à demora das atas. Isso é, evidentemente, uma preocupação”, disse Amorim no Senado. “Estamos chegando a um ponto em que é preciso sentir uma evolução real. Tenho dito isso e repetido. O presidente Lula já disse: o Brasil não reconhecerá um presidente que não esteja fundado nas atas.”
Na audiência, senadores governistas e da oposição cobraram um prazo para que o Brasil se manifeste sobre a reeleição de Maduro.
“Não se trata de estabelecer qualquer tipo de ultimato. Mas o Brasil tem que ter a previsão do que vai acontecer. Até quando vamos aguardar a entrega dessas atas? E se elas não forem entregues? Quais serão as consequências? Vamos abrir um debate para a construção de algum tipo de entendimento político?”, questionou Humberto Costa (PT-PE).
Celso Amorim preferiu não estabelecer uma data-limite para a divulgação das atas. Na avaliação do assessor-chefe, “a impaciência não é boa conselheira”.
“Vamos encontrar uma solução democrática, eleitoral e pacífica. Aprendi que na diplomacia não se estabelecem prazos”, respondeu. “Eles podem até ser usados em alguns momentos, mas não são verdadeiros. São apenas um estímulo para que as coisas possam acontecer.”
Também nesta quinta, em entrevista à Rádio T, do Paraná, Lula afirmou que Maduro “está devendo uma explicação para a sociedade, para o mundo”.
“Se ele tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo, quem sabe até convocar novas eleições, estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário de que participe todo mundo e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro”, completou o presidente.
(Com informações da Agência Senado)