O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) prevê entregar em 30 dias o relatório preliminar sobre a queda de um avião com 62 ocupantes em Vinhedo, no interior de São Paulo. A fase inicial da investigação foi finalizada na segunda-feira 12, com a coleta de peças no local da tragédia, entre elas as caixas-pretas da aeronave.

Operado pela Voepass, o avião saiu de Cascavel, no Paraná, com destino ao Aeroporto de Guarulhos, na Região Metropolitana de São Paulo, com 58 passageiros e quatro tripulantes, todos mortos na queda do aparelho. Imagens captadas por testemunhas mostram o turboélice ATR 72-500 em queda livre até atingir o solo, em um movimento conhecido como “parafuso chato”, a indicar perda de sustentação em pleno voo. Uma das hipóteses levantadas é de que a asa da aeronave possa ter congelado e causado o acidente.

O material coletado está sendo analisado nos laboratórios do Cenipa, em Brasília, e vai subsidiar a produção de um relatório final. O documento deve apontar alguns fatores que podem ter contribuído para o acidente e fazer recomendações ao setor aéreo brasileiro para evitar novas tragédias, mas não deverá apontar os responsáveis pelo acidente, função que fica a cargo das polícias Civil e Federal, que estão fazendo investigações paralelas.

Segundo um laudo do Instituto Médico Legal de São Paulo, as vítimas morreram por politraumatismo no momento do impacto no solo. O avião perdeu mais de 3 mil metros de altitude em apenas um minuto. Até o fechamento desta edição, ao menos 56 corpos haviam sido identificados e liberados. Aviões da Força Aérea foram mobilizados para transportar os corpos das vítimas às cidades de origem. O Ministério Público paulista também criou uma força-tarefa para auxiliar nas investigações. O objetivo é apurar as circunstâncias do acidente, visando a responsabilização civil e criminal de quem possa ter contribuído para a tragédia.

A despedida de um destemido

Athos Pereira, um dos fundadores do PT e quadro histórico da esquerda brasileira, faleceu na terça-feira 17, em Brasília, aos 77 anos, vítima de câncer. Jornalista e militante político, ele integrou, nos anos 1960, a Ação Libertadora Nacional, organização de luta armada contra a ditadura. Perseguido pelo regime militar, viveu períodos de exílio no Chile, no México e na Bélgica. Retornou ao Brasil no início dos anos 1980, após a aprovação da Lei da Anistia. Pereira integrou a Executiva Nacional do PT e foi presidente do Diretório Regional do partido em Goiás, no fim dos anos 1980. Servidor da Câmara dos Deputados nos anos 1990, assessorou vários parlamentares, como Jaques Wagner e Luiz Gushiken. Em nota, Lula lamentou a morte do companheiro de lutas e acrescentou que ele “deixa um legado de trabalho incansável por um país melhor e mais justo”.

Meio cheio, meio vazio

Somente os anos iniciais do ensino fundamental atingiram a meta do Ideb

O índice mede a qualidade do ensino no Brasil – Imagem: Geovana Albuquerque/Agência Brasília

Divulgados pelo Ministério da Educação na quarta-feira 14, os números do Índice Nacional de Educação Básica (Ideb) 2023 trazem uma boa notícia e acendem um sinal de alerta. Começando pelos louros, melhorou a qualidade de ensino no primeiro ciclo do ensino fundamental. No 1º ao 5º ano, a nota média foi de 6 pontos, meta estipulada para 2021, mas que, por causa da pandemia de Covid-19, foi postergada para este ano.

Os resultados nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio ficaram, porém, aquém do previsto. Do 6º ao 9º ano do fundamental, o objetivo era alcançar 5,5 pontos, mas a nota ficou em 5 pontos. No ensino médio, os 4,3 pontos obtidos neste ano também ficaram abaixo dos 5,2 projetados. Mesmo assim, o ministro da Educação, Camilo Santana, viu motivos para celebrar: “Alcançamos as metas dos anos iniciais do ensino fundamental, precisamos comemorar isso”, ressaltou, durante a apresentação dos números. O Ideb varia numa escala de 0 a 10, é calculado a cada dois anos e analisa a qualidade tanto da educação pública quanto da privada.

Errinho de 22 milhões

Candidato à prefeitura de São Paulo, o influenciador bolsonarista Pablo Marçal minimizou a revelação de que omitiu ao menos 22 milhões de reais do seu patrimônio na declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral. Segundo o coach, a omissão milionária não passaria de “um erro simples”, causado por um problema de digitação. “Coisa de contador”, resumiu o candidato. De acordo com o portal UOL, o primeiro a revelar esse insignificante lapso contábil, Marçal esqueceu-se de incluir uma empresa e declarou outras duas por valores menores dos que os registrados na Receita Federal. Ele informou à Justiça possuir um patrimônio de 193,5 milhões de reais. Com os valores omitidos, o total de bens passaria de 215 milhões.

Fim da farra?

STF suspende emendas impositivas por falta de transparência

A decisão de Dino será analisada no plenário virtual do Supremo – Imagem: Rosinei Coutinho/STF

O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, mandou suspender, na quarta-feira 14, a execução de todas as emendas impositivas apresentadas por deputados e senadores até que o Congresso estabeleça regras de transparência sobre a aplicação dos recursos. No despacho, o magistrado poupou apenas os valores destinados para obras em andamento ou para ações em municípios em situação de calamidade pública.

As emendas impositivas são aquelas que o governo federal tem obrigação de pagar. Para este ano, a previsão é de que o Executivo tenha de enviar aos redutos eleitorais dos congressistas ao menos 33 bilhões de reais. “É uma grave anomalia que tenhamos um sistema presidencialista, oriundo do voto popular, convivendo com a figura de parlamentares que ordenam despesas discricionárias como se autoridades administrativas fossem”, observou o ministro. Dino ressaltou ainda que o “equivocado desenho prático” das emendas impositivas gerou a “parlamentarização das despesas públicas”. A decisão será analisada pelo plenário virtual da Corte.

O dia da caça

Ucrânia invade território russo e obriga Putin a redistribuir tropas

Os ucranianos chegaram a Kursk, no sudoeste da Rússia – Imagem: Roman Pilipev/AFP

Enquanto o mundo – e talvez o comando militar russo – assistia aos últimos dias das Olimpíadas, tropas ucranianas invadiram o território de Kursk, no sudoeste da Rússia. Foi um novo e surpreendente capítulo do conflito iniciado há dois anos e meio, desde que Vladimir Putin determinou a invasão da Ucrânia em resposta à intenção manifestada pelo país vizinho de aderir à Otan, a aliança militar do Ocidente, o que contrariaria um acerto diplomático feito pela Rússia com os EUA à época dos acordos de desnuclearização após o fim da Guerra Fria.

Analistas internacionais enxergam na manobra ordenada pelo presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, uma maneira de fazer com que parte das tropas russas concentradas em território ucraniano tenham de ser deslocadas para defender Kursk, fato que aliviará a presença do inimigo em outras regiões como Kharkiv e Kiev: “A guerra está voltando para casa”, disse ­Zelensky, em pronunciamento na segunda-feira 12. Já o Ministério da Defesa da Rússia informa que, desde o início da contraofensiva, Kiev perdeu mais de 2 mil militares e 340 veículos, além de quatro sistemas de mísseis antiaéreos, dois lançadores de foguetes e 14 peças de artilharia.

Ameaça nuclear

O temor de que o Irã inicie nos próximos dias “uma série de grandes ataques” contra Israel em retaliação ao assassinato em solo iraniano do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, fez com que o governo dos EUA enviasse ao Oriente Médio o submarino Georgia, capaz de disparar mísseis nucleares. Na segunda-feira 12, o presidente Joe Biden e os líderes de Alemanha, França, Itália e Reino Unido reforçaram as ameaças em comunicado conjunto que exorta o Irã a “renunciar às intenções de ataque”, que traria “sérias consequências para a segurança regional”.

Segundo turno

Diplomacia brasileira sugere nova votação para definir presidente

Difícil será convencer Maduro a topar um novo escrutínio – Imagem: Federico Parra/AFP

Três semanas após a proclamada reeleição de Nicolás Maduro e do início de mais uma grave crise política na Venezuela, a diplomacia brasileira tenta uma última cartada para solucionar o impasse no país vizinho. A ideia, ousada, é convencer Maduro a realizar uma nova eleição, que funcionaria como uma espécie de segundo turno, contra o candidato de direita Edmundo González, segundo colocado nas eleições de 28 de julho.

De acordo com o ex-chanceler Celso Amorim, hoje assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, a proposta é embrionária e ainda será desenvolvida com a participação dos governos de México e Colômbia, países que também integram o grupo diplomático encarregado de negociar com o presidente venezuelano.

As chances de a proposta prosper

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Última Atualização: 15/08/2024