Na quinta-feira (9), o assessor internacional do governo Lula, Celso Amorim, intercedeu e barrou a compra bilionária de 36 blindados israelenses por parte do Exército brasileiro. Capacho do imperialismo, as Forças Armadas brasileiras arrastavam o processo há meses. Segundo Amorim, o atual governo de “Israel” “tem tido comportamento altamente condenável do ponto de vista militar”.

Ao final de abril, o Exército havia anunciado a vitória da empresa israelense Elbit Systems na licitação para a venda de 36 viaturas blindadas, conhecidas como obuseiros. Os blindados autopropulsados possuem canhões com calibre 155mm e iriam substituir 320 tanques egressos da Segunda Guerra Mundial. Segundo a licitação dois veículos seriam enviados e submetidos a dois anos de testes. Após este período seriam entregues os demais blindados.

A empresa israelense venceu a licitação contra empresas chinesas, francesas e tchecas. As Forças Armadas declararam à época que a vitória da Elbit Systems se deu por critérios de melhor preço e técnica. A Elbit Systems é uma das maiores apoiadoras do genocídio palestino, fornecendo armamento para “Israel” e lucrando bilhões com o assassinato dos palestinos – segundo declarações da empresa, seus lucros passaram de 15,1 bilhões de dólares em 2022 para 17,8 bilhões após o início do genocídio.

No entanto, desde o início de maio o governo brasileiro é pressionado a não assinar o contrato de licitação. Após pressão de movimentos sociais, o governo decidiu adiar por 60 dias a assinatura do contrato com a Elbit Systems. Apesar da declaração do Exército de que isto não alterava “o desejo do Exército de assinar o contrato em um prazo de 60 dias”. Lula já havia autorizado a compra e o Exército seguiu com os trâmites internos desde então.

Quase 90 dias depois, no início de agosto, o governo suspende a compra dos veículos após intervenção de Celso Amorim. O assessor de Lula expressou preocupações políticas e diplomáticas quanto a compra de armas israelenses frente ao genocídio palestino perpetrado por “Israel”.

Esse aspecto político-diplomático é muito importante. É um componente a ser avaliado. Não é só a técnica e preço”, disse Amorim à CNN.

Apesar de suas preocupações e avanço contra a submissão militar à “Israel”, o assessor internacional manteve sua posição reacionária diante a Resistência Palestina:

“Depois da ação altamente condenável do Hamas houve genocídio por parte de Israel em relação aos palestinos e acho complicada essa compra. Primeiro que a decisão da corte internacional recomenda não colaborar com Israel nesse aspecto militar. Além disso, é preciso esperar passar essa instabilidade no conflito com Gaza”.

Declarou ainda que não possuía nada contra “Israel” e que o povo judeu havia contribuído enormemente para a humanidade. “Mas esse governo atual do país tem tido comportamento altamente condenável do ponto de vista militar. Então é delicado ficar dependendo militarmente de ‘Israel’”, finalizou Amorim.

O contrato segue correndo no Ministério da Defesa. O ministro José Múcio iniciou negociações com a empresa israelense para que os blindados sejam fabricados no Brasil, na planta da empresa no Rio Grande do Sul. As condições de pagamento do contrato também foram ajustadas para terem início apenas em 2027. Múcio declarou que ainda tem interesse em “construir uma solução conjunta e que a produção seja praticamente toda no Brasil”.

Uma semana antes da suspensão, o Exército anuncio a abertura de outra licitação, desta vez para 143 tanques de guerra e blindados. A consulta aberta em 1° de agosto ficará aberta até o início de novembro.

O Exército brasileiro também adquiriu blindados Centauro II da empresa italiana Iveco-Oto Melara. Os veículos que custaram R$5 bilhões para o governo federal têm previsão de chegada neste mês. Outro contrato firmado com a Iveco foi para a compra de 420 viaturas blindadas, com custo de R$1,4 bilhão.

Estas compras fazem parte do programa de modernização das Forças Armadas, presente no novo PAC.

A tentativa de modernização das Forças Armadas, entretanto, passa por um processo de submissão ao capital financeiro internacional. Mais especificamente ao capital do complexo industrial-militar imperialista.

A submissão do Exército a burguesia imperialista é tamanha que, em março deste ano, a Força Aérea Brasileira (FAB) fechou um contrato de R$ 86,1 milhões com a Israel Aerospace Insdutries (IAI). O contrato feito sem licitação, ou seja, feito à revelia do governo e diretamente pelas Forças Armadas, tinha por objetivo a manutenção de dois drones de vigilância utilizados pela FAB.

A despeito das declarações do Presidente Lula contra o genocídio palestino e das intervenções de Amorim, o Exército capacho continua mantendo relações com “Israel” e se submetendo às vontades do imperialismo.

Como disse o Presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, durante o programa Análise Política de 3a:

“As forças armadas brasileiras não estão sob controle do governo do PT, elas estão muito mais sob controle dos norte-americanos. Esses generais são todos norte-americanos”.

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Última Atualização: 15/08/2024