Durante evento em comemoração aos 30 anos da CartaCapital, o presidente Lula afirmou que, para consolidar um projeto de país, o Brasil deve se posicionar com firmeza e sabedoria no cenário internacional, mas sempre com humildade, afastando qualquer percepção de imperialismo para evitar desconfianças de países que podem contribuir para a integração sul-americana.

“O Brasil tem que se apresentar firme, com muita sabedoria, mas ao mesmo tempo com muita humildade, para as pessoas não desconfiarem, nós não queremos ser imperialistas. É a construção de uma relação de confiança e de interesses. A gente criar a ideia de fomentar a América do Sul como bloco. A gente era um país que só via Europa, EUA, historicamente fomos criados pra ser inimigos uns dos outros”.

Ainda, segundo Lula, o Brasil não deve se deixar desviar pelas tensões globais, como a disputa entre EUA e China. O país deve governar olhando para a totalidade de seu povo, e não apenas para aqueles que têm mais recursos.

“Nem a briga EUA-China vai desviar o Brasil da rota que nós entramos. A gente não pode governar pra quem é mais alto, quem tem mais dinheiro, esse país tem que ser governado olhando pra totalidade do seu povo, olhando pro conjunto da sociedade”.

Exemplo desse compromisso, segundo Lula, está no chamado PAC Seleções 2023, criado para destinar R$ 23 bilhões em investimentos para execução de projetos de estados e municípios nos eixos de Saúde, Educação, Ciência e Tecnologia e Infraestrutura Social e Inclusiva.

“Nós inventamos uma coisa chamada PAC Seleções, todos os 5.800 prefeitos do Brasil têm a mesma oportunidade, não importa o partido, todos têm a oportunidade de fazer um projeto, e nós fazemos a seleção dos projetos por importância”.

O combate à “política do não argumento” e à desigualdade

No entanto, apesar dos esforços, o presidente Lula alertou para a necessidade urgente de combater a “política do não argumento” e focar em debates que realmente contribuam para o avanço da nação.

“É claro que nós temos um fenômeno acontecendo hoje que é a ‘política do não argumento’. O argumento está perdendo força, estamos vivendo um momento difícil. É preciso derrubar a muralha da propagação de ódio. Divergência política não tem importância quando se trata de melhorar a qualidade de vida do cidadão brasileiro”.

Outro grande problema do Brasil apontado pelo presidente é a circulação desigual de dinheiro e consequente concentração de renda.

“Dinheiro não pode ficar parado no bolso de alguém, muito dinheiro na mão de poucos significa empobrecimento, agora pouco dinheiro na mão de muitos significa o contrário”.

“O povo pobre não é um problema, mas sim a solução. Quando incluído no mercado, o cidadão marginalizado transforma-se em consumidor, o que impulsiona o crescimento das indústrias”.

Estendendo essa lógica ao setor automobilístico, onde o investimento e a adequação dos produtos às condições de vida das pessoas são essenciais, Lula acredita que “Se a gente melhorar as condições do pobre, como salário e renda, o povo vira consumidor”.

“Baixar os juros é uma briga eterna. Mas mesmo se o juro for zero, ele precisa ter dinheiro. Antes de tudo temos que encontrar a integração nacional, fazer o brasileiro se encontrar consigo mesmo. Não por acaso o nosso slogan é união e reconstrução”.

O evento “Um projeto de país”

A segunda rodada do evento, após uma primeira conversa sobre reindustrialização sustentável e exportações, em maio, reúne líderes de destaque dos setores público e privado para tratar de integração nacional e sul-americana e os caminhos para uma transição energética justa e inclusiva.

Ainda discursam nesta quarta, na primeira mesa sobre a “América do Sul e o Pacífico: as novas rotas comerciais”, a ministra do Planejamento, Simone Tebet, a presidente do IPEA, Luciana Servo, a representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento no Brasil, Morgan Doyle, e o presidente Conselho Empresarial Brasil-China, Luiz Augusto Neves.

Em seguida, na mesa de Transição Energética Justa e Inclusiva, participam o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, a gerente executiva de Mudança Climática da Petrobras, Viviana Coelho, o vice-presidente da State Grid Brazil Holding, Ramon Haddad, e o CEO da Acelen Renováveis, Luiz de Mendonça.

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Última Atualização: 14/08/2024