O presidente Lula expôs, nesta quarta-feira, a sua atual projeção para o fechamento do acordo entre Mercosul e União Europeia, que havia avançado no início do seu governo, mas tornou a emperrar no ano passado. O comentário foi feito durante a abertura do novo ciclo da série Diálogos Capitais, dedicada ao debate de propostas para desenvolver o Brasil e superar as desigualdades. O evento, promovido por CartaCapital, marca também os 30º aniversário da publicação.

Segundo relatou o presidente brasileiro, o acordo, na sua visão, está finalizado e pronto para sair do papel a qualquer momento, esbarrando apenas em uma resistência da França, que ainda tenta conseguir mecanismos de proteção aos seus próprios produtores.

Para Lula, no entanto, não cabe mais ao Mercosul ceder, restando assim apenas a posição final da União Europeia para o fechamento do tratado.

“Agora depende só da União Europeia, porque nós aqui já decidimos o que é que queremos e já comunicamos a eles. A União Europeia que se vire com a França, que tem dificuldade com produtos agropecuários brasileiros”, comentou. “Certamente tem medo de disputar com nosso queijo de Minas, com nosso vinho do Rio Grande do Sul”, brincou Lula, em seguida.

Rota da Seda

Outra projeção feita pelo presidente no evento promovido por CartaCapital diz respeito à Nova Rota da Seda, um empreendimento global chinês com vastos investimentos em infraestrutura, na América Latina, Ásia e África. O Brasil é considerado ponto-chave para o funcionamento do plano, mas ainda não bateu o martelo sobre sua adesão, assim como Colômbia e Paraguai.

Sobre o tema, Lula estabeleceu um prazo para retomar as discussões: depois da reunião do G-20, prevista para novembro deste ano. O petista antecipou que pretende, antes de aderir a qualquer plano, garantir vantagens ao Brasil.

“Os chineses querem discutir conosco a Rota da Seda e nós vamos discutir. Nós não vamos fechar os olhos, não. Nós vamos dizer: ‘o que tem para nós? O que eu tenho com isso? O que eu ganho?’. Essa é a discussão”, explicou.

Lula e Xi Jinping devem se encontrar, nessa ocasião, para tratar dos 50 anos de relações diplomáticas entre os dois países. O presidente do gigante asiático pretende usar o encontro para estreitar os laços com o Brasil. Do lado brasileiro, Lula disse querer garantir acordos de longo prazo.

No discurso, Lula ainda minimizou o impacto que essa aproximação com a China pode causar nas relações com os Estados Unidos. Segundo defendeu, é possível conciliar, com diálogo, a amizade entre com os dois países.

“Eu não que brigar com os EUA. Pelo contrário: eu quero os Estados Unidos do nosso lado tanto quanto eu quero a China”, resumiu.

Diálogos Capitais

O evento desta quarta-feira celebra o 30º aniversário de CartaCapital. Como parte das comemorações, a publicação promoveu um novo ciclo da série Diálogos Capitais, dedicada ao debate de propostas para desenvolver o Brasil e superar as desigualdades, do qual Lula foi o convidado de abertura.

A primeira mesa de debates do evento contou com a presença de Simone Tebet, ministra do Planejamento, Luciana Servo, presidente do IPEA, Morgan Doyle, representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento no Brasil, e de Luiz Augusto de Castro Neves, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China. A mediação foi feita por André Barrocal, repórter especial em Brasília.

Já a segunda parte do evento tem participação do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, da gerente executiva de mudança climática da Petrobras, Viviana Canhão, do vice-presidente da State Grid Brazil Holding, Ramon Haddad e Luiz de Mendonça, CEO da Acelen Renováveis, discutem os caminhos para a transição energética no Brasil. A mediação é da editora executiva Thais Reis Oliveira.

Assista a íntegra do discurso do presidente Lula no evento promovido por CartaCapital:

Assista a íntegra do Diálogos Capitais:

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Última Atualização: 14/08/2024