O presidente Luis Inácio Lula da Silva (PT) celebrou, nesta quarta-feira, a retomada do diálogo entre o governo federal e o Congresso Nacional para o desenvolvimento do País. A declaração foi proferida na abertura do novo ciclo da série Diálogos Capitais, dedicada ao debate de propostas para desenvolver o Brasil e superar as desigualdades. O evento, promovido por CartaCapital, marca também os 30º aniversário da publicação.

Ele aproveitou, no discurso, para desmentir rumores de que sua gestão tem atritos com os parlamentares, citando a recente aprovação da reforma tributária como o “grande exemplo” desse “bom diálogo”.

“Sou grato ao Congresso Nacional, que, ao contrário do que se noticiou, não tem brigas com ninguém. Um presidente da República não briga”, declarou Lula.

Ele ressaltou que a aprovação da reforma, mesmo sem ser a “política tributária dos sonhos de todo mundo”, é um feito notável, considerando a baixa representatividade do PT nas duas Casas Legislativas e as dificuldades no tema, que se arrasta no Congresso Nacional há cerca de 40 anos.

“Eu sou um cara de sorte, que montou um governo de sorte. Em um País em que o partido do presidente da República só tem 70 deputados, em um colégio de 513, e só tem 9 senadores em um colégio de 71, a gente conseguiu aprovar até hoje mais projetos do que em qualquer outro momento da história desse País”, destacou.

Lula também celebrou a aprovação como um resultado de “muita conversa”, mesmo em um “mundo político adverso”. Ao usar o mote do evento – Diálogos Capitais –, o presidente tornou a mencionar a importância da tolerância com diferentes forças políticas como essenciais para a governabilidade e para a construção de consensos.

“O que conseguimos aprovar até hoje supera qualquer outro momento da história deste País. Conseguimos algo inédito: uma reforma tributária que há 40 anos não se via no Brasil”, afirmou o presidente, fazendo também uma comparação com os governos Barack Obama, nos EUA, e Gabriel Boric, no Chile, que lidaram com baixa representatividade parlamentar e enfrentaram dificuldades para avançar com projetos.

“E é assim mesmo. Você não governa se não houver tolerância para discutir com o lado contrário. Esse é o forte da democracia. A gente construir consensos mesmo na convivência adversa”, concluiu.

Integração Nacional e Sul-Americana

No encontro, que tinha como tema a infraestrutura na integração nacional e sul-americana, Lula ressaltou a necessidade de priorizar a integração dentro do Brasil antes de expandi-la para o contexto sul-americano.

“Para reconstruir o Brasil, é preciso o envolvimento de todos. Precisamos derrubar a muralha da intolerância erguida pela propagação do ódio, que tentou dividir o país em duas metades que não se comunicam”, afirmou.

Ele também enfatizou a importância de diminuir as desigualdades sociais e econômicas entre as regiões do País, destacando que seu governo tem trabalhado para atender a todos os brasileiros, “sem distinção de classe ou região, mas com um olhar especial para os que mais precisam”.

O presidente sublinhou que o desenvolvimento nacional deve ser sistêmico, incorporando grandes obras de integração que reduzam as desigualdades regionais e respeitem a dimensão ambiental.

“Essa visão de desenvolvimento é indissociável do papel indutor do investimento público. A abrangência dessa agenda orienta a estratégia de obras e ações incluídas no Novo PAC, destinado à infraestrutura social e logística em todo o território nacional”, concluiu Lula.

Por fim, Lula mencionou vislumbrar bons acordos com países e blocos importantes do mundo, como União Europeia, China e EUA.

“Eu não vislumbro nada à frente, nem a briga entre Estados Unidos e China, que me cause nenhum temor e que possa desviar o Brasil da rota de crescimento”, disse pouco antes de mencionar a importância de concluir, de forma célere, o tratado comercial entre Mercosul e UE.

30 anos de Carta

O evento desta quarta-feira também celebrou o 30º aniversário de CartaCapital. O feito foi destaque no discurso da publisher Manuela Carta, que relembrou os pilares da publicação.

“Nessas três décadas, a Carta se orgulha de nunca ter abandonado os propósitos que justificam a sua criação: ser uma alternativa ao pensamento único; respeitar a inteligência do leitor; e escrutinar o poder em todas as suas dimensões.”

Segundo destacou Manuela, o seminário promovido nesta quarta é “um exemplo desses compromissos” assumidos por Mino Carta em 1994. O fundador da revista foi descrito por Lula como “o mais importante jornalista vivo desse País”.

“O Mino Carta é indubitavelmente o mais importante jornalista vivo desse País. Possivelmente seja o jornalista mais criativo que esse País teve”, disse o presidente antes de listar as inúmeras publicações lideradas por Mino ao longo da carreira.

Ainda sobre CartaCapital, Lula salientou a importância do enfrentamento a posições conservadoras da mídia hegemônica feito pela publicação nesses 30 anos.

“Por isso a CartaCapital precisa continuar existindo. Então, quem puder ajudar, ajude, porque nós precisamos de uma imprensa pelo menos neutra nesse País”, resumiu o presidente.

Mesas de debate

A primeira mesa de debates do evento contou com a presença de Simone Tebet, ministra do Planejamento, Luciana Servo, presidente do IPEA, Morgan Doyle, representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento no Brasil, e de Luiz Augusto de Castro Neves, presidente do Conselho Empresarial Brasil-China. A mediação foi feita por André Barrocal, repórter especial em Brasília.

Já a segunda parte do evento tem participação do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, da gerente executiva de mudança climática da Petrobras, Viviana Canhão, do vice-presidente da State Grid Brazil Holding, Ramon Haddad e Luiz de Mendonça, CEO da Acelen Renováveis, discutem os caminhos para a transição energética no Brasil. A mediação é da editora executiva Thais Reis Oliveira.

Assista a íntegra do Diálogos Capitais:

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Última Atualização: 14/08/2024