“Não vai ter surpresa de última hora em relação ao nome dele. Acho que é o Gabriel mesmo”. Segundo a Folha de S.Paulo, essas palavras teriam sido ditas pelo presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), confirmado os boatos de que Gabriel Galípolo será o indicado do presidente Lula para a vaga de presidente do Banco Central.

Galípolo já ocupa um cargo indicado pelo presidente da República. Ele é o diretor de política monetária do Banco Central, intermediando os supostos interesses do governo Lula junto ao capital financeiro. Antes de ocupar o cargo, assessorava o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

O nome mais forte para suceder Roberto Campos Neto veio a público na mesma semana para defender justamente aquilo que o governo Lula mais criticou na postura do presidente do Banco Central. Em evento na cidade de São Paulo, Galípolo admitiu que a alta da taxa de juros estaria “sobre a mesa” – isto é, que seria uma possibilidade – na reunião do conselho fiscal da instituição para a qual poderá ser nomeado presidente. Isto é, Galípolo se revelou como alguém que não está minimamente comprometido com a política que defende o governo federal.

A provável indicação de Galípolo é mais uma confirmação do desastre que tem sido a política de equilibrista do governo Lula. Diante de uma situação econômica e social bastante delicada, o governo, em vez de tomar medidas de impacto que possam tirar a corda do pescoço da esmagadora maioria da população, tem vivido a ilusão de que um acordo com os capitalistas permitirá que ele governe.

Nada poderia ser mais enganoso. Ao escolher alguém bem-visto pelo “mercado”, como Galípolo, tudo o que Lula conseguirá fazer é contribuir para que seus inimigos estejam em um posto chave para o governo. O resultado desse experimento já apareceu antes: ao indicar Jean-Paul Prates para a presidência da Petrobrás, Lula acabou sendo confrontado não com um intermediador entre o governo e os capitalistas, mas com um infiltrado das petroleiras em seu governo.

A essa altura do campeonato, considerar que a burguesia permitirá que o governo siga adiante com a sua política é viver fora da realidade. Recentemente, o presidente Lula declarou que esse seria o momento de maior otimismo da história do Brasil, em termos econômicos. Não há nada que indique isso: a indústria continua decaindo, o poder de compra continua muito baixo e os impostos estão na estratosfera. Considerar que o cenário econômico é positivo só levará o governo a se afundar ainda mais na ilusão de que conseguirá um acordo com os capitalistas, levando ele cada vez mais à direita.

É preciso uma mudança de rumo imediata. Do contrário, o governo irá perder cada vez mais aquilo que o sustenta: o apoio popular.

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Última Atualização: 14/08/2024