Anunciada pela campanha de Donald Trump como “a conversa do século”, a entrevista realizada entre o candidato à cadeira presidencial estadunidense e o bilionário Elon Musk não trouxe novidades, frustrando até mesmo os meios de comunicação alinhados. No Brasil, meios como O Antagonista apontaram a ausência de conteúdos novos e a participação fraca de Musk, que permitiu uma entrevista “chapa-branca”.
A entrevista de duração de 2 horas, sofreu um atraso de 40 minutos devido a supostos ataques cibernéticos, segundo a alegação de Musk. “Parece que está havendo um ataque DDOS em massa contra o X. Estamos trabalhando para acabar com ele”, postou o proprietário do X (antigo Twitter), sem apresentar evidências. Superados os problemas técnicos, o evento realizado na rede social pertencente ao empresário sul-africano reuniu simultaneamente mais de 1 milhão de ouvintes.
Trump, que recentemente foi autorizado a regressar à plataforma de Musk, discorreu livremente por temas como a tentativa de assassinato sofrida por ele, imigração, economia, mudanças climáticas e energia sustentável, política internacional, principalmente em relação à União Europeia, Otan e a Ucrânia, polarização política, segurança pública e projetos para o futuro, além de tentar se diferenciar de sua opositora, a candidata do partido democrata, Kamala Harris.
“Fala-se muito sobre o aquecimento global e as mudanças climáticas, mas não se fala sobre o ‘aquecimento nuclear’, o que para mim é um problema imediato”, declarou o ex-mandatário ao tentar ponderar que algumas regiões do globo podem estar sofrendo com mudanças climáticas, mas que os combustíveis fósseis não deveriam ser vilanizados. Trump também destacou a existência de cinco países com desenvolvimento nuclear, o que exigiria uma figura presidencial forte, algo que nem Joe Biden, nem Kamala Harris poderiam ser.
Para Trump, Joe Biden foi “o pior presidente” e que se ele estivesse em seu lugar, não estaríamos vivendo a guerra entre Rússia e Ucrânia ou a agressão israelense à Gaza.
Quanto à pauta político-econômica, Trump criticou a administração atual, mencionando a “destruição da Califórnia”, afirmando que por essa quebra empresários como Musk haviam se mudado de estado. Também elogiou o atual presidente argentino, Javier Milei, em suas medidas para controlar a inflação comparando o programa do presidente sul-americano com seu próprio (‘Make America Great Again’, ‘Faça a América Grandiosa de novo” em inglês).
Além disso, o ex-presidente acusou Kamala Harris de não querer dar continuação ao muro fronteiriço com o México como forma de frear a imigração irregular. “Se tivermos ela como presidente ou um democrata, não acho que vamos sobreviver”, concluiu.
Ambos criticaram a forma como a mídia hegemônica está representando Harris como uma moderada, mencionando a capa da revista Time que trouxe um desenho bem trabalhado da candidata, enquanto mostrava a imagem de Trump derretendo e outra edição.
Por outro lado, a campanha de Kamala Harris acusou Trump de se utilizar do espaço ofertado por Musk para espalhar uma agenda de ódio. “Atuei como senadora dos EUA, procuradora-geral e promotora de Justiça no Tribunal. Nesses papéis, enfrentei predadores que abusavam de mulheres, fraudulentos que enganavam os consumidores e golpistas que quebravam as regras. Eu conheço o tipo de Donald Trump”, respondeu Harris em sua conta do X (antigo Twitter).
Segundo checagem realizada pela CNN internacional, Trump mentiu ao menos 20 vezes durante a entrevista com Musk.