Abertura das caixas-pretas do avião que caiu em Vinhedo. Foto: Divulgação

A Força Aérea Brasileira (FAB) confirmou que as caixas-pretas do ATR 72, que caiu em Vinhedo (SP) e resultou em 62 mortes na semana passada, capturaram “com êxito” registros de voz e dados da aeronave relacionados ao acidente. Este avanço é crucial para a investigação, pois as caixas-pretas são essenciais para entender as circunstâncias que levaram à tragédia.

As caixas-pretas, que incluem o Cockpit Voice Recorder (CVR) e o Flight Data Recorder (FDR), estão sendo analisadas desde o último sábado (10) no Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo (Labdata) do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) em Brasília (DF). O CVR registra conversas e sons na cabine de pilotagem, enquanto o FDR coleta dados técnicos da aeronave, como altitude e velocidade.

De acordo com o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, os peritos estão revisando minuciosamente os diálogos e sons do CVR para identificar alarmes e outros sinais que possam esclarecer as causas do acidente. Simultaneamente, os dados do FDR estão sendo convertidos para análise detalhada.

Como signatário da Convenção de Chicago, o Brasil convidou representantes internacionais para a investigação. O Escritório de Investigações e Análises para a Segurança da Aviação Civil da França (BEA) e o Conselho de Segurança nos Transportes do Canadá (TSB) estão colaborando na apuração, considerando que a aeronave foi fabricada na França e seus motores no Canadá.

No último sábado, três representantes do BEA visitaram o local do acidente, enquanto peritos do TSB também estão envolvidos na investigação. A análise conjunta entre as autoridades brasileiras e internacionais visa garantir uma compreensão completa dos eventos.

A FAB informou que o processo de análise dos dados é rigoroso e inclui a validação dos parâmetros e equipamentos da aeronave. A análise preliminar dos dados pode levar cerca de 30 dias, com um relatório detalhado previsto para ser divulgado posteriormente.

Avião ATR-72 da Passaredo, semelhante ao que caiu em Vinhedo. Foto: Reprodução

A investigação revelou que a aeronave caiu em um gramado amplo, facilitando a remoção de destroços e a recuperação das peças mais pesadas. A análise dos vídeos e registros sugere que o avião sofreu um estol, um fenômeno em que a aeronave perde sustentação.

O voo do ATR 72 decolou às 11h56 e seguiu normalmente até as 13h20. A aeronave atingiu 5.000 metros de altitude às 12h23, mas começou a perder altitude às 13h21, quando fez uma curva brusca. A partir desse momento, o avião não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo e não declarou emergência.

Por volta das 13h22, a altitude estava em 1.250 metros, com uma velocidade de queda de 440 km/h. O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) acionou o ‘Salvaero’, que encontrou os destroços dentro de um condomínio às 13h26.

Além da apuração técnica, a Polícia Civil e a Polícia Federal também estão investigando o acidente do ponto de vista criminal. Dois inquéritos foram abertos para apurar possíveis responsabilidades.

“Difícil falar em prazo, mas nós podemos afirmar que estamos trabalhando incansavelmente para finalizar esse trabalho e confortar todoas as famílias. Estamos entregando todo nosso esforço”, afirmou Rodrigo Sanfurgo, superintendente regional da PF em São Paulo.

A tragédia em Vinhedo, que é o maior acidente aéreo do Brasil desde 2007, continua a ser um foco intenso de investigação, com as equipes trabalhando para identificar a causa e prevenir futuros acidentes semelhantes.