Confrontar a distorção do passado: mais que combater a esquecimento, é desafiar a manipulação da história

Na noite desta segunda-feira (12), a Fundação Casa de Rui Barbosa deu início à conferência “Memória, Democracia e Direitos Humanos” com um tom de urgência e relevância. O evento marcou o lançamento da iniciativa “Memória, Coração do Futuro”, uma colaboração entre a Fundação Casa de Rui Barbosa e a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). O projeto, que se desenvolverá ao longo do segundo semestre de 2024, busca promover uma série de eventos acadêmicos e culturais focados na importância da memória coletiva e na celebração histórica.

A cerimônia de abertura foi presidida pelo presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, Alexandre Santini, o reitor da Unirio, professor José da Costa Filho, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, e a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ). A noite começou com um discurso provocador do ministro Silvio Almeida, que abordou a importância de lutar não apenas contra o esquecimento, mas também contra a distorção da memória histórica.

Assista a abertura da Conferência Memória, Democracia e Direitos Humanos:

Novos desafios para a memória histórica

Silvio Almeida destacou que o desafio atual não é apenas combater o esquecimento, mas enfrentar uma nova forma de distorção do passado. Ele mencionou que, enquanto antes o problema era o desejo de apagar eventos traumáticos da memória coletiva, agora enfrentamos a criação ativa de narrativas falsas que transformam vítimas em vilões e vilões em vítimas. Almeida exemplificou esse fenômeno ao citar o momento emblemático em que o então deputado Jair Bolsonaro fez homenagem a um torturador durante o impeachment da presidenta Dilma, um ato que marcou a emergência de elementos prejudiciais na esfera pública.

O ministro também discutiu a influência das novas mídias e formas de comunicação na construção de narrativas históricas. Ele enfatizou que a luta pela memória e pelos direitos humanos está profundamente ligada à maneira como a sociedade entende e comunica o passado. Almeida abordou a evolução das ideologias e a percepção do futuro, destacando a luta contínua entre progressistas e conservadores.

Almeida fez um apelo urgente para a valorização das ciências humanas e a preservação da memória histórica, defendendo que não basta lembrar os eventos passados; é essencial discutir e compreender a história em sua totalidade. Ele concluiu com um chamado à ação para defender artistas e professores que enfrentam ataques, e com uma visão otimista sobre o futuro do Brasil.

Desafios e compromissos no Dia Nacional dos Direitos Humanos

A deputada Jandira Feghali fez uma intervenção significativa, ressaltando a importância da memória e da luta por direitos humanos no Brasil. Feghali elogiou o discurso de Almeida e destacou o papel inovador da Casa Rui Barbosa sob a liderança de Alexandre Santini. A deputada também mencionou ações importantes do Ministério, como a reinstituição da Comissão de familiares e a desapropriação da Casa da Morte em Petrópolis, que será transformada em um espaço de memória.

Jandira abordou a persistência de forças que, apesar de derrotadas nas urnas, ainda têm influência significativa na sociedade e no Congresso Nacional. Ela enfatizou a importância de uma disputa política contínua, com base em dados e memória histórica, para contrabalançar discursos que glorificam o passado autoritário.

A deputada também discutiu a contradição entre capitalismo e democracia, destacando que a exclusão e a concentração de poder perpetuam desigualdades. Ela ressaltou a necessidade de museus dedicados à memória da escravidão e da ditadura, e fez um apelo para uma maior valorização da história e da memória nas escolas e universidades.

Parcerias permanentes

Uma mensagem especial da ministra da Cultura, Margareth Menezes, saudou os participantes em vídeo, destacando a importância de refletir sobre injustiças sociais para garantir que tais eventos não se repitam. Ela elogiou a iniciativa “Memória, Coração do Futuro” e destacou a contribuição para um futuro mais justo e democrático.

O presidente Alexandre Santini expressou entusiasmo pelo projeto e pela parceria com a Unirio, destacando a relevância de refletir sobre o passado para fortalecer a democracia e os direitos humanos. O reitor José da Costa Filho também elogiou a colaboração entre a Fundação e a Unirio, destacando a importância das pesquisas e do pensamento crítico promovido pela Casa Rui Barbosa.

O evento também contou com uma vibrante batalha de rimas de hip hop, que começou com um poema rap abordando temas como solidão, traumas e empoderamento. Os artistas, provenientes de Duque de Caxias e outras áreas do Rio de Janeiro, apresentaram suas rimas em um formato de disputa amigável, conectando suas performances aos temas centrais da conferência.

A conferência “Memória, Democracia e Direitos Humanos” promete ser um espaço significativo para debates sobre a memória histórica e os direitos humanos, refletindo a importância de enfrentar a distorção e promover uma compreensão mais profunda do passado.

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