Facções criminosas como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), além de líderes do jogo do bicho, estão cada vez mais envolvidos no lucrativo mercado das apostas esportivas, popularmente conhecidas como “bets”.
Uma investigação revelou que esses grupos estão utilizando as apostas online para maximizar e até mesmo lavar receitas de atividades ilícitas.
Os inquéritos policiais evidenciam um cenário de confrontos territoriais entre facções, envolvendo assassinatos, incêndios e ataques direcionados a pontos de apostas.
Recentemente, a Polícia Federal desencadeou uma operação que resultou na prisão de familiares de Marcos Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, líder do PCC. A investigação apontou o envolvimento da facção paulista com casas de apostas no Ceará, incluindo a divulgação de uma plataforma online, a Fourbet, por membros da organização.
Em resposta ao avanço do crime organizado nesse setor, o Congresso Nacional aprovou legislação para taxar e regulamentar as apostas esportivas online. Apesar das medidas, as investigações revelam que o mercado se tornou um alvo atrativo para atividades criminosas, com movimentações suspeitas que indicam possíveis práticas de lavagem de dinheiro.
No Ceará, o PCC e o CV competem pelo controle das casas de apostas, com relatos de proibições e incêndios criminosos atribuídos à disputa de território. O Ministério Público estadual aponta que chefes do CV ordenaram ataques contra estabelecimentos que não se aliaram à Loteria do Povo, ligada à facção.
No Rio de Janeiro, a máfia do jogo do bicho expandiu suas operações para o ambiente digital, tentando manter o monopólio que historicamente detém nas ruas da cidade. A Polícia Federal prendeu Rogério Andrade, um dos principais bicheiros, em um sítio na Região Serrana, apreendendo evidências de seu envolvimento na criação de um site de apostas no exterior para evitar acusações de ilegalidade.
Em Rondônia, a PF descobriu um esquema em que um site de apostas estava sendo utilizado para lavar dinheiro proveniente do tráfico de drogas. A investigação revelou que a Rondo Esportes, de Leandro Blumer, pagou milhões em “prêmios” aos membros da quadrilha, utilizando fundos originados de atividades ilícitas.
Os envolvidos negam as acusações. As defesas de Leonardo Herbas Camacho, Francisca Alves da Silva, Cíntia Chaves Gonçalves e Rogério Andrade afirmam que suas atividades são legais e não têm relação com organizações criminosas.