Indicadores de Valorização pela Financeirização

por Luís Carlos da Silva

Os fundamentos para precificação de ações de uma sociedade aberta se relacionam aos aspectos microeconômicos e setoriais da empresa dentro de contextos macroeconômicos variáveis. O Modelo de Precificação de Ativos de Capital estabelece uma relação linear entre o risco e o retorno esperado de um ativo.

O modelo convenciona todos os investidores serem racionais, terem expectativas homogêneas e buscarem maximizar a utilidade esperada de sua riqueza. Eles emprestariam ou tomariam emprestado à mesma taxa livre de risco.

Contra a contumaz crítica de irrealismo de premissas das teorias convencionais, argumentou em favor da validade de uma teoria econômica ser julgada pela precisão de suas previsões – e não pelo realismo de suas premissas. A principal função de uma teoria seria a sua capacidade de fazer previsões úteis, não necessariamente a veracidade de suas premissas.

A Economia lida com sistemas complexos e, por isso, simplificações são esperadas para tornar a análise inteligível à limitada capacidade de absorção dos cérebros humanos. As premissas irreais são vistas como abstrações capazes de isolar os principais mecanismos econômicos e a construir modelos possíveis de serem analisados e testados.

O foco está nos resultados das teorias e modelos. Se um modelo com premissas simplificadas fornece previsões precisas e úteis, ele é considerado válido dentro de seu contexto de aplicação.

A Economia ortodoxa usa a condição de ceteris paribus para isolar os efeitos de uma variável específica. Embora irrealista, essa abordagem permite a análise de relações causais sem a interferência de múltiplas variáveis simultaneamente.

Daí economistas elaboram modelos econômicos simplórios com foco em partes específicas do sistema econômico, permitindo uma análise mais controlada e incremental. Um modelo gera hipóteses possíveis de ser testadas empiricamente e, se forem falseadas, novas hipóteses serem levantadas.

Por exemplo, a teoria econômica neoclássica baseia-se na premissa de os agentes econômicos serem racionais e tomarem decisões para maximizar sua utilidade ou lucro. Esse individualismo metodológico parte da microeconomia.

Utiliza modelos matemáticos para derivar conclusões a partir de premissas básicas. A lógica dedutiva pressupõe axiomas simples (como a racionalidade dos agentes) e constrói teorias a ser testadas empiricamente.

A análise ortodoxa se concentra no equilíbrio de mercado e na eficiência alocativa, assumindo “mercados completos e perfeitos”, onde todos os agentes econômicos estariam com seus planos satisfeitos, considerando suas restrições orçamentárias e dada disponibilidade de recursos.

A abordagem heterodoxa enfatiza “o que é”, isto é, a importância do contexto histórico, social e institucional nas análises econômicas. Ao invés de generalizações universais, foca nas especificidades de cada situação econômica.

Utiliza métodos indutivos, partindo da observação empírica e histórica para formular teorias. A análise é mais descritiva e qualitativa ao explorar a complexidade das interações econômicas.

Integra insights de outras Ciências Humanas, como Sociologia, Política e Psicologia, para compreender os fenômenos econômicos de forma holística e sistêmica.

Enquanto a teoria neoclássica busca simplicidade e universalidade, através de modelos matemáticos, a abordagem heterodoxa valoriza a complexidade e a especificidade histórica das interações econômicas.

O CAPM divide o risco total de um ativo em risco sistemático e risco idiossincrático. Argumenta os investidores necessitarem se compensados apenas pelo sistemático, porque o idiossincrático é eliminado através da diversificação de portfólio.

Esse modelo é utilizado para determinar o custo do capital próprio de uma empresa, fundamental para a avaliação de projetos de investimento.

A razão entre o valor de mercado das ações e o valor contábil do capital social oferece insights cruciais para medir a alavancagem financeira e entender a percepção dos investidores e credores sobre o valor e o risco da Sociedade Anônima.

Fernando Nogueira da Costa – Professor Titular do IE-UNICAMP. Autor de “Economia de Mercado de capitais à Brasileira” (agosto de 2021). Baixe em “Obras (Quase) Completas”: http://fernandonogueiracosta.wordpress.com/. E-mail: [email protected].

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Última Atualização: 12/08/2024