Na última segunda-feira (5), a premiê Xeique Hasina foi derrubada. O governo estava sendo pressionada por protestos, realizados principalmente por estudantes, que começaram no início de julho contra um sistema de cotas que reservava mais da metade de todos os empregos públicos para certos grupos. A agitação, posteriormente, se intensificou em pedidos mais amplos pela renúncia da veterana primeira-ministra Hasina, que finalmente renunciou e fugiu do país.

No seu lugar, foi escolhido o vencedor do Prêmio Nobel, Muhammad Yumus, de 84 anos, cotado como empreendedor, banqueiro e economista.

Quem é Muhammad Yumus (o “banqueiro dos pobres”)?

Nascido em Bangladexe, Yunus recebeu uma bolsa Fulbright para estudar economia na Universidade Vanderbilt, nos EUA, onde recebeu um doutorado em economia. Ele então se tornou professor assistente na Middle Tennessee State University antes de retornar a Bangladexe para chefiar o departamento de economia da Chittagong University. O pioneiro no conceito de micro-finanças recebeu o Prêmio Nobel da Paz com seu Grameen Bank em 2006: “por seus esforços para criar desenvolvimento econômico e social a partir de baixo”. Aliás, uma premiação que, para alguns, foi o primeiro Nobel da picaretagem.

Para Hasina, o que Yunus fazia era “sugar o sangue dos pobres” ao impor taxas de juros exorbitantes aos micro empréstimos.

Em janeiro, ele havia sido indiciado por um tribunal por desviar mais de US$ 2 milhões de seu fundo sem fins lucrativos Grameen Telecom. Ele estava em Paris, sob fiança, supostamente recebendo tratamento médico, quando foi informado da nomeação.

Revolução Colorida

Segundo o especialista M. Mateswaran, se trata de um golpe de estado que cooptou o movimento estudantil:

“Os estudantes são um grupo facilmente influenciável e, infelizmente, neste caso, caíram sob a influência do Ocidente, exigindo a renúncia de Hasina” – afirmou o especialista. E, continuou afirmando que o principal motivo dos EUA era a amizade próxima do primeiro-ministro com a China.

“Os EUA não hesitam em desestabilizar qualquer país para seus interesses egoístas. Neste caso, apoiaram islamitas radicais. Acredito que o fator principal foi que os EUA consideraram Xeique Hasina muito próxima da China, enquanto ignoravam sua amizade com a Índia. […] Os EUA alcançaram seu objetivo ao derrubá-la do poder”, explicou ele.

 O editorial do jornal chinês, Asia Times, não demorou a caracterizar a retirada de Hasina como uma “Revolução Colorida”:

 “Bangladesh: uma revolução colorida às portas da Índia”, afirma o colunista Chan Akya”

“Novo líder interino de Bangladexe Muhammad Yunus é favorecido pelos EUA”, denuncia WikiLeaks

O novo líder interino de Bangladexe, que tomou posse como conselheiro-chefe do país no início da semana, segundo o portal WikiLeaks, afirma que o banqueiro é favorecido pela embaixada dos EUA, citando documentos diplomáticos norte-americanos.

Em uma postagem no X [antigo Twitter] na sexta-feira, o site americano MintPress News disse que Yunus “foi vinculado ao estado profundo dos EUA”, de acordo com documentos diplomáticos americanos publicados pelo Wikileaks, uma organização de mídia sem fins lucrativos e editora de documentos vazados.

O documento mostra que Yunus expressou interesse em entrar na política e formar um governo durante o regime militar em Bangladexe de 2006 a 2008″, disse o relatório.

Yunus havia viajado para o exterior este ano enquanto estava em liberdade sob fiança após ser condenado a seis meses de prisão por acusações de violações das leis trabalhistas, que ele rejeitou como motivadas politicamente. Um tribunal de Dhaka o absolveu de todas as acusações na quarta-feira.

Enquanto isso, o documento vazado mostra que

Em 2007, Yunus procurou assistência do embaixador dos EUA para influenciar o governo de transição de Bangladexe na mudança de uma lei que lhe concedia autoridade sobre seu Banco Grameen”, acrescentou o relatório.

A era dos golpes de Estado e a Terceira Guerra Mundial

Na última Análise Política Semanal, o presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, afirmou que: “os golpes de Estado serão a política ‘feijão com arroz’ do imperialismo”. Afirmou também que a enorme crise do imperialismo o leva a uma política desesperada, não obstante, fascista.

Bangladexe não foi o único país, existe uma série de movimentações golpistas buscando colocar como substituto dos países atrasados um capacho dos EUA. Na América Latina houveram uma onda de golpes de estado: no Equador, no Peru [onde reina a ditadura de Dina Boluarte], a tentativa de golpe na Bolívia e um golpe em andamento na Venezuela, como o objetivo de tirar do poder o chavismo e colocar um ex-operador da CIA. Além dos golpes, os países imperialistas se preparam para uma política de censura, o que indica o cenário de uma guerra generalizada contra os povos oprimidos do mundo.

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Última Atualização: 12/08/2024