O governo do Burquina Fasso recentemente divulgou um grande crescimento do controle do território. O Ministério da Defesa afirmou que o estado controla 69% do território, em 2022, apenas 40% do território estava sob controle, conforme declarado pelo general Kassoum Coulibaly. “Os 31% restantes são áreas onde quase não há ninguém”, segundo ele. “A conquista do território é uma ação permanente”, acrescentou o ministro.

A mudança em 2022 foi a tomada do poder pelo capitão Ibraim Traore, um jovem oficial nacionalista que está realizando uma enorme guinada anti-imperialista no país. O caso do Burquina Fasso demonstra que na África a opressão dos países é tão brutal que o imperialismo nem mesmo permite que os governos controlem todo o território. Isso é crucial para que haja um controle dos recursos da região. O grande foco de luta atual é no Sael, onde os franceses estão perdendo o controle.

Desde 2015, Burquina Fasso está em uma guerra civil criada pelo imperialismo que impulsiona organizações armadas. Na imprensa elas aparecem como organizações “jiadistas”, mas essa informação é irrelevante. Há muçulmanos imperialistas e muçulmanos nacionalistas, neste caso eles são financiados pela França e pelos EUA. Essa guerra já causou mais de 20.000 mortes de civis e militares, segundo a ONG Acled, que contabiliza as vítimas de conflitos em todo o mundo.

Nesta semana, o exército de Burquina Fasso anunciou que eliminou 103 combatentes, incluindo o líder de um grupo local da Al-Qaeda, descrevendo sua morte como um “golpe devastador” para a organização, que opera neste território que ainda não é controlado pelo governo. Segundo uma declaração publicada da agência oficial de notícias de Burquina Fasso, uma patrulha do exército foi atacada por centenas de combatentes em 31 de julho perto da vila de Nabadi, na região de Koulbiligou, localizada no centro-leste de Burquina Fasso.

“Graças à coragem dos soldados, o inimigo sofreu uma derrota esmagadora e fugiu, deixando 103 corpos no campo de batalha”, disseram as fontes, acrescentando que entre os mortos estava o líder da Al-Qaeda. Conhecido como “Abu al-Darda”, Dicko Tidjane, de 37 anos, natural de Burquina Fasso, juntou-se à Al-Qaeda ainda jovem e rapidamente se tornou o líder de um grupo com pelo menos 250 combatentes. O grupo liderado por Abu al-Darda foi responsável por numerosos ataques contra as forças de segurança e milícias de autodefesa.

Os grupos de autodefesa também se expandem no país. A Corporação Nacional de Artesãos e Pequenos Operadores de Mineração (CONAPEM) começou a armar os mineiros que trabalham com outro e são atacados pelas milícias pró-imperialistas. “Não temos controle sobre os locais de mineração de ouro, o que pode contribuir para o financiamento do terrorismo”, explicou o novo presidente da CONAPEM, Potierozie Didier Dabire.

Ele apontou que Burquina Fasso hoje possui mais de 800 “locais selvagens” para mineração de ouro. Portanto, é necessário, segundo ele, focar na capacitação dos envolvidos para controlar melhor a gestão desses locais. Também é importante mobilizar os membros da CONAPEM nas diversas zonas de mineração do país. O objetivo principal da organização é apoiar os operadores e garimpeiros artesanais no processo de formalização e transição para minas semi-mecanizadas.

As guerras de libertação nacional na África

A presença desses grupos existe também em outros países do Sael como o Máli, Níger, Chade no sul da Líbia. Nesta semana o Exército Nacional da Líbia (ENL) do leste da Líbia aumentou significativamente suas forças nas fronteiras desses países e também do Chade. “O comando geral do ENL enviou reservas significativas para fortalecer e apoiar as forças contingentes de fronteira no sudoeste da Líbia”, disse o porta-voz do exército.

Essas medidas foram tomadas para garantir a segurança ao longo de toda a fronteira e para contrabalançar situações relacionadas à instabilidade nos países vizinhos, afirmou. “A defesa das fronteiras sempre requer plena coordenação com os países vizinhos para ter um controle completo e cooperação mútua para responder a quaisquer possíveis desenvolvimentos relacionados tanto a questões de segurança quanto humanitárias”, disse o oficial, implicando que o exército está em constante coordenação com as autoridades do Máli, Níger e Chade.

Atualmente, a Líbia é governada por dois governos rivais. A parte ocidental da Líbia é controlada pelo Governo de Acordo Nacional, apoiado pela ONU e baseado em Trípoli, enquanto a parte oriental está sob o Governo de Estabilidade Nacional, apoiado pelo Exército Nacional da Líbia. O sul do país, região da fronteira, está numa situação de guerra civil sem controle de nenhum governo.

Ou seja, há uma verdadeira guerra de libertação nacional em diversos países da África que aparece na imprensa sob o nome de luta contra o terrorismo. O interessante é quem conforme os países expulsam os “aliados” nessa luta, EUA e França. Sua capacidade de derrotar essas milícias aumenta. Isso também foi observado no Iraque. O motivo é claro: o imperialismo estimula esses grupos armados, pois usam a desculpa da “luta contra o terrorismo” para manter sua ocupação militar.

A tendência da região é que os países sigam os passos de Burquina Fasso. Derrotem os grupos pró-imperialistas. Tomem controle do território nacional e assim possam desenvolver o país. No caso de Burquina já há resultados. Ibrahim Traore inaugurou uma fábrica de tijolos no país.

Traore afirmou: “pegando a matéria-prima aqui em Burquina Fasso e transformando-a para produzir cimento para o povo burquinense, é tudo o que queremos”, disse o chefe de Estado na inauguração da fábrica. O grupo pan-africano CIMAF, uma subsidiária da marroquina CIMAT, gerenciará este projeto, que custará 33 bilhões de FCFA (cerca de US$ 55.000).

“A construção da unidade de produção de argila calcinada será acompanhada pela construção de uma usina solar, cuja produção excedente será transferida para a SONABEL [a companhia nacional de eletricidade de Burquina Fasso]”, disse Anas Sefrioui, executivo da CIMAF.

Categorizado em:

Governo Lula,

Última Atualização: 12/08/2024