Nas últimas eleições, o Partido dos Trabalhadores (PT) decidiu adotar uma política perigosa, muito pior que se aliar a setores golpistas é abandonar a disputa e entregar sua credibilidade ao povo para seus inimigos declarados ou não. Nas eleições municipais de 2020, o PT não conseguiu eleger sequer um único prefeito em nove capitais nordestinas, agora para evitar o mesmo fracasso, desistiu de concorrer ao executivo em metade dessas cidades e acredita que terá melhores resultados. 

O maior partido de esquerda no Brasil desistiu de concorrer em Salvador-BA, maior capital nordestina, para apoiar Geraldo Jr (MDB). Em São Luís-MA, o PT vai apoiar o deputado Duarte Jr. (PSB), aliado do senador Flávio Dino, numa aliança que se estende até o PSDB e PL. Na cidade de Recife-PE, o PT buscou um acordo para lançar um vice para o candidato João Campos (PSB) e terminou posto de lado. Na capital de Alagoas, Maceió, o PT chegou a lançar Ricardo Barbosa como candidato, mas a direção do partido vetou para apoiar o Rafael Brito, candidato do senador Renan Calheiros, e não nomeou sequer um vice. 

As explicações são as mais absurdas, que o partido não teria um candidato forte e carismático, ou ainda que o PT sofreria os efeitos do Mensalão e Lava jato até os dias de hoje. Evidentemente que a campanha da burguesia contra o presidente Lula e seu partido perdura até os dias atuais, isso porque a crise do regime aumenta ainda mais e porque o golpe ainda não foi derrotado. O problema é que o PT busca fórmulas piores que as alianças do passado para superar as barreiras impostas desde o golpe de 2016. 

Na última eleição na capital paulista, em função de pesquisas fraudulentas e que apontavam Guilherme Boulos com mais votos que o petista Jilmar Tatto, o PT resolveu abandonar apoio ao seu candidato para apoiar o Psolista. Neste ano, em decorrência de um acordo “sem pé e cabeça” da direção do PT para obter o inútil apoio do PSOL ao presidente Lula, o partido deixou de lançar candidato na cidade mais importante do país para apoiar Boulos. Assim, o PT está a fazer exatamente o jogo que a burguesia tem para o partido, que conduza a sua substituição por uma esquerda sem ligação ao movimento operário e às massas populares. 

Essa política pode conduzir o PT a sua própria extinção, a direção não aprendeu com as alianças do passado que resultaram no golpe, refez todas elas e ainda colocou setores identitários ou pró-imperialistas em seu governo. Agora resolveu apoiar os mais vigaristas da política nacional, traindo o propósito pelo qual o próprio partido foi constituído. É o caminho para o desastre total, assim como em São Paulo, essa pode resultar na anulação do PT como a principal força da esquerda. 

A direção do PT deveria ter adotado uma política independente da burguesia, parece que não compreendeu que a vitória de Lula sobre Jair Bolsonaro em 2022 resultou da mobilização das massas populares nas ruas. Em uma região, onde mais de 66% da população elegeu o atual governo petista há condição de eleger prefeito em todas as capitais. Não somente no Brasil como o mundo está afundando em crise, ficar agarrado aos partidos do regime não é uma boa política, não derrotará a extrema-direita, ao contrário, fortalecerá ainda mais este setor. 

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Última Atualização: 11/08/2024