Na sexta-feira (9), a Polícia Federal (PF) entregou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um relatório que revela obstrução deliberada na investigação do caso Ana Paula. O documento afirma que imagens de câmeras de segurança, que poderiam ter levado mais rapidamente aos assassinos, foram propositalmente ignoradas pelos delegados indiciados.
Segundo a PF, os delegados Rivaldo Barbosa e Giniton Lages, além do comissário Marco Antônio de Barros Pinto, teriam agido para dificultar a identificação dos responsáveis pelos assassinatos de Ana Paula e do motorista Anderson Gomes. O relatório, com 87 páginas, apresenta novos elementos que reforçam essa suspeita.
A investigação aponta que Giniton Lages tinha conhecimento de que Ronnie Lessa era, pelo menos, um potencial suspeito desde o início das investigações. Imagens que poderiam confirmar o envolvimento de Lessa foram capturadas, mas a Polícia Civil não deu continuidade na busca por mais provas que poderiam ter esclarecido a origem dos executores.
O relatório também menciona o depoimento do atual secretário de Polícia Civil, Marcus Amim, que afirmou ter sugerido investigar as imagens das câmeras de segurança uma semana após os assassinatos. No entanto, essas sugestões foram ignoradas por Giniton Lages, segundo Amim.
As imagens do Cobalt prata, utilizado no crime, só foram incorporadas ao inquérito após uma denúncia anônima, sete meses depois do ocorrido. Além disso, a PF aponta a falta injustificada de imagens da rota de fuga dos criminosos, o que poderia ter facilitado a identificação dos responsáveis.
Nos meses seguintes ao crime, a investigação seguiu uma pista falsa que apontava o miliciano Orlando Curicica como suspeito, baseada em um depoimento que posteriormente foi confessado como falso. Segundo o relatório, essa combinação de versões falsas foi conduzida por Marco Antônio de Barros Pinto, braço direito de Giniton.
A Polícia Federal pede que a Procuradoria-Geral da República ofereça denúncia contra os acusados. Enquanto as investigações continuam, Giniton Lages e Marco Antônio de Barros Pinto permanecem afastados de suas funções, e Rivaldo Barbosa está preso na Penitenciária Federal de Brasília.