A uma semana do primeiro turno das eleições legislativas na França, marcado para 30 de junho, associações feministas, sindicatos e ONGs saíram às ruas em Paris e em outras cidades do país para denunciar o que consideram o “feminismo de fachada” da extrema-direita.
O protesto é direcionado ao partido Reunião Nacional (RN), que rejeita as acusações de não respeitar as conquistas femininas. Os participantes chamavam atenção ao “perigo” para os direitos das mulheres em caso de uma vitória da legenda, que tem 35% das intenções de voto, de acordo com as últimas pesquisas eleitorais.
“Quando vemos a história do partido [RN], não podemos dizer que ele defende as mulheres. Devemos lembrar que eles atacam constantemente o planejamento familiar”, critica uma ativista, presente no cortejo que reuniu milhares de pessoas em Paris.
“Cada vez que a extrema direita chega ao poder, ataca o direito ao aborto. Não vejo por que haveria uma exceção francesa”, disse outra ativista.
Uma porta-voz do Coletivo Nacional pelos Direitos da Mulher aponta a importância de “alertar a população feminina, mas não só, contra uma impostura, uma deturpação” do RN sobre os direitos das mulheres.
“Alarme feminista”
Na capital francesa, as participantes vestiam a cor púrpura, emblemática do feminismo. A manifestação partiu da Praça da República em direção a Nation, onde, simbolicamente, foi lançado um “alerta feminista” ao som de alarmes e apitos.
Nos cartazes, lia-se mensagens como: “nem marido, nem patrão, nem líder, nem presidente”, citando a líder do RN e o presidente francês.
O carro de som tocava um sucesso da cantora Clara Luciani, co-signatária com centenas de artistas de uma petição que apela a uma barreira à extrema-direita nas próximas eleições.
Manifestações semelhantes foram organizadas neste fim de semana em cerca de 50 municípios, a pedido de mais de 200 associações e ONGs.
As líderes de sindicatos e ONGs participaram dos protestos em Paris.
Em Toulouse, cerca de 880 pessoas manifestaram-se em clima festivo. “Mulheres e jovens, duplo castigo” ou “lésbicas contra o fascismo” eram algumas das mensagens escritas nos cartazes.
“O RN é contra as mulheres, incita ao ódio. É contra o aborto. Coisas que nem deveríamos discutir na nossa época”, lamentou uma ativista.
O Reunião Nacional denunciou “caricaturas” e “mentiras”. Em um vídeo dirigido a “todas as mulheres da França”, o candidato acusou “a extrema-esquerda” de “assumir o monopólio dos direitos das mulheres”.