A antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, atualmente lecionando no Departamento de Ciência Política e Sociais da Universidade de Bath, no Reino Unido, analisou o fenômeno Pablo Marçal:
Foi com surpresa que muitos assistiram à eleição de Bolsonaro. Acompanho o coach candidato a prefeito de São Paulo há dois anos para nossas pesquisas. Um fenômeno de admiração entre classes populares e além. P.M. é diferente de Bolsonaro e não deve levar por razões que não cabem num tuíte.
Mas sua máquina de persuasão e mentiras é um negócio fenomenal a ser observado por todos que acompanham a política brasileira. Ele representa partes do Brasil em alta, fortemente conectados na forma de culto: religião, marketing digital e princípios de uma meritocracia.
Seus fãs têm muito controle da imagem, como muita gente já mostrou pelas pirâmides de cortes de seus vídeos. Nós temos entrevistas com dezenas de pessoas pelo Brasil. Ele é admirado como poucos, a imagem que chega é de um vencedor que fala verdades e inspira.
O charlatão está abaixo do esgoto. Para nossa sorte, tem muitos rastros criminais e não tem o apoio pleno dos Bolsonaros. Como etnógrafa, acompanho política desde baixo e por isso não me surpreende os 10% de intenção de votos. Ao contrário, podem esperar muito mais.
Assim como a máquina digital bolsonarista fixou a imagem de “Lula presidário”, agora estão tentando colar a de Boulos cheirador. PM pode não levar, mas sua máquina causará (ou tentará causar) muito dano à campanha de Guilherme Boulos.
Foi com surpresa que muitos assistiram à eleição de Bolsonaro. Acompanho o coach candidato a SP há dois anos para nossas pesquisas. Um fenômeno de admiração entre classes populares e além. P.M. é diferente de Bolsonaro e não deve levar por razões que não cabem num tuíte. Mas…
— Rosana Pinheiro-Machado (@_pinheira) August 9, 2024