O Partido da Causa Operária (PCO) anunciou o lançamento de 200 candidatos em todo o Brasil. Nas eleições municipais deste ano, além das principais capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e outras, o Partido lançará candidatos em 47 cidades de 17 estados. Isso mostra um crescimento expressivo em relação a períodos anteriores e em relação aos demais partidos da extrema esquerda. Como explicar esse crescimento? João Silva, presidente do PCO, explica que:
“Primeiro, o desenvolvimento do PCO em comparação com os outros. Acho, inclusive, que se a gente somar UP, PSTU e PCB, os três juntos não vão ter muito mais cidades do que o PCO. É um primeiro índice do desenvolvimento do PCO, conseguindo a pole position da extrema esquerda, o que é um fato importante. Já mostramos aí o desenvolvimento do Partido nas manifestações pela Palestina. O PCO era majoritário em todas elas. Claro que a eleição é uma coisa complexa.
Segundo, entre nós e o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU), há uma distância política muito grande. O PSTU apoia a OTAN na Ucrânia, ficaram a favor do golpe de Estado contra o Maduro, no golpe de Estado contra o PT ficaram a favor do golpe contra a Dilma e assim por diante. É um partido decadente, é um partido em crise. Por causa da política que eles levaram adiante nas questões do impeachment, o partido rachou no meio e metade do partido foi para o PSOL.”
A fala de Silva aconteceu no programa Análise Política da Terça, na Rádio Causa Operária, realizado no dia 6 de agosto.
“A Unidade Popular (UP) está dando a impressão de que é fogo de palha”, continuou Silva. “Na eleição passada, não se sabe como, tiveram umas votações expressivas, maiores do que as nossas. Nós achamos isso muito fora do comum, muito estranho. O Partido Comunista Brasileiro (PCB) rachou no meio. É um partido que não diria que é decadente. Se o PSTU está meio clinicamente morto, o PCB está em franca decomposição, o PCB e o racha (PCB Reconstrução Revolucionária). Isso é comum porque, quando o partido racha, é difícil a sobrevivência do partido que foi rachado.
Qual deve ser a posição do PCO para essas eleições?
Levando em consideração o panorama apresentado, Silva destaca que, “na eleição, temos que marcar a posição de que nós somos o partido revolucionário da extrema esquerda, que nós somos o partido que efetivamente defende a classe operária, que coloca no centro de sua atividade a luta contra o imperialismo”.
“Uma coisa que muita gente não entende é que, quando falamos em luta de classes, podemos estar falando de muitas coisas diferentes porque há muitas classes, camadas de classe, etc. Essencialmente, no mundo hoje, a luta de classes é uma luta entre o proletariado mundial e a burguesia mundial, que é a burguesia imperialista, que domina a maioria dos países. No Brasil, por exemplo, a burguesia local é totalmente dominada pelo imperialismo. Ela pode chegar a ter alguma contradição? Pode, mas, no geral, ela é dominada, não é uma força social independente.”
O posicionamento em relação ao imperialismo é um divisor importante, como comenta Silva: “um partido revolucionário, um partido marxista que apoia o seu programa na questão da luta de classes, é um partido que tem que levar adiante uma luta muito séria contra o imperialismo como questão central”.
Os partidos de extrema esquerda e o imperialismo
O posicionamento da esquerda frente aos principais conflitos mundiais, como a tentativa de golpe na Venezuela, a guerra entre Rússia e Ucrânia e a questão Palestina, revela o estado da extrema esquerda que se apresenta como revolucionária. “Se a gente quiser ser muito generoso com o PSTU, diríamos o seguinte: para o PSTU, a luta contra o imperialismo não é questão central. Se não quisermos ser generosos, diríamos que eles se alinham ao imperialismo nas principais questões. Qualquer que seja a interpretação que se dê, não é um partido revolucionário no sentido de revolucionário que impulsiona a luta de classes. Aí, temos a UP. A UP apoia a OTAN, também, na Ucrânia. O PCB é um partido muito confuso, mas, por exemplo, eu não vi a posição do PCB sobre a questão da Venezuela”, detalha Silva.
Com os posicionamentos confusos, quando não abertamente pró-imperialista dos demais partidos da extrema esquerda, o PCO ganha impulso para as eleições que se aproximam.
Por fim, Silva comenta o papel do PCO frente aos demais partidos da esquerda reformista. “A situação política no Brasil depende muito da existência de um partido que seja capaz de guiar as lutas populares. Nesse momento, o que a gente tem de partido que possa cumprir esse papel é o PCO. Não dá para dizer que haja outros partidos. O PT, todo mundo sabe, é um partido reformista, não é revolucionário. É um partido que oscila entre a política do imperialismo e o nacionalismo. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) nasceu como partido pequeno-burguês, de deputados que romperam com o Partido dos Trabalhadores (PT); se transformou no partido das ONGs, do identitarismo e, agora, está sob controle do Boulos, que é, visivelmente, uma pessoa que joga no time do imperialismo. É o Boric brasileiro. A não ser que eles provem o contrário, mas, até agora, não vimos nada porque o Boulos não se pronunciou nem sobre o genocídio na Palestina”, disse.
Assista ao programa na íntegra: