O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, sancionou a Lei nº 14.938, que institui o Dia Nacional da Lembrança do Holocausto. A data, a ser celebrada em 16 de abril, presta homenagem ao diplomata brasileiro Luiz Martins de Souza Dantas, responsável por salvar centenas de vidas durante a Segunda Guerra Mundial, protegendo judeus e minorias perseguidas pelo regime nazista.
O projeto, inicialmente apresentado em 2017 pelos ex-deputados Jorge Silva e Sérgio Vidigal, foi resgatado este ano como resposta da ala da extrema direita às declarações do presidente Lula.
O projeto foi relatado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) por Eduardo Bismarck e aprovado pela Comissão de Educação e Cultura do Senado.
Quem foi Luiz Martins de Souza Dantas
Luiz Martins de Souza Dantas nasceu em 17 de fevereiro de 1876 no Rio de Janeiro. Formado em Ciências e Letras pelo Colégio Pedro II e graduado em Direito pela Faculdade Livre de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro em 1896.
Em 1900, foi promovido a segundo-secretário e enviado a São Petersburgo, na Rússia. Dois anos depois, foi transferido para Roma, onde permaneceu até 1908.
No Rio de Janeiro, Dantas exerceu o cargo de subsecretário de Estado em maio de 1916 e assumiu a chefia interina do Ministério das Relações Exteriores em junho do mesmo ano.
Entre suas missões, destacam-se a inauguração da Câmara de Comércio Ítalo-Brasileira em 1920 e a representação do Brasil na Liga das Nações em 1924 e 1926.
Durante a Segunda Guerra Mundial, com a invasão nazista da França em 1940, Souza Dantas enfrentou um dilema moral.
Após 14 meses preso na Alemanha, uma troca de prisioneiros mediada por Portugal permitiu que o diplomata retornasse ao Brasil.
Ignorado no Brasil e no mundo: o historiador que jogou luz às vidas salvas por Souza Dantas
O historiador Fábio Koifman conta ao GGN que se debruçou em uma lista inédita com o registro de todos aqueles que foram salvos por Souza Dantas na 2ª Guerra Mundial.
Para o jornalista Rubens Klinger, há uma instrumentalização do holocausto pela extrema direita, “taxando de antissemita qualquer um que se oponha a política do governo do Netanyahu”.
“A história principal dela era essa”: Elisa Klinger, uma das salvas por Souza Dantas
Ao GGN, Klinger relata que sua mãe compartilhava frequentemente sua história como uma parte central de sua identidade, em meio à experiência de perseguição e fuga do extermínio nazista.
A ideia de publicar o manuscrito surgiu quando Sofia, neta do autor, utilizou trechos do texto em uma tarefa escolar.
Normalmente, vistos devem ser emitidos pelo cônsul e exigem um processo burocrático rigoroso, com certificados médicos e documentos policiais, que muitos refugiados não possuíam.
Conhecido como um bon vivant e amante das artes, Souza Dantas era profundamente envolvido na vida cultural parisiense, especialmente no teatro.
Para o jornalista Rubens Klinger, a missão de Souza Dantas joga luz aos que hoje são considerados refugiados – ou indesejados.