Jazz Cigano invade novamente Piracicaba

por Luís Carlos

Um dos mais originais e importantes eventos musicais do país, o Festival de Jazz Manouche de Piracicaba, terá início nesta sexta-feira, 9 de agosto. Ele chega à sua 10ª edição, levando ao público artistas brasileiros e estrangeiros que se dedicam a perpetuar o gênero musical que ficou conhecido no mundo todo graças à genialidade do guitarrista belga Django Reinhardt. 

O estilo surgiu em Paris no começo do século passado, quando o cigano Django e o violinista francês Stéphane Grappelli se juntaram no quinteto do Hot Club de France, consagrando uma parceria que se tornaria icônica e definidora de uma nova linguagem no mundo do jazz.

Diferentemente da instrumentação tradicional americana, que usava metais e bateria, o jazz manouche se caracterizou sobretudo pelo uso de instrumentos de cordas, como o violão e o violino, assim como o acordeão. Da junção do swing americano e a improvisação jazzística com o fraseado cigano nasceu o jazz manouche ou gypsy jazz – estilo que conta hoje com grupos praticantes em todas as partes do mundo, quase sempre nomeados como “Hot Clubs” em referência à formação original francesa.

O Festival de Jazz Manouche de Piracicaba foi criado pelo juiz de Direito José Fernando Seifarth de Freitas, que tem a música como hobby e é um apaixonado pelo jazz cigano. A semente do festival foi plantada em 2010, ano do centenário do nascimento de Django Reinhardt, quando Piracicaba reuniu, de forma inédita, músicos praticantes do manouche no Teatro Dr. Losso Neto, no espetáculo “100 anos de Django Reinhardt”.  

Desse evento surgiu o festival, que teve sua primeira edição em 2013. Ele começou a chamar a atenção também no exterior, e já na sua segunda edição, em 2014, houve a primeira participação de artistas estrangeiros – Richard Smith (Reino Unido) e Dario Napoli (Itália). 

Criou-se, a partir de então, um intercâmbio musical entre artistas brasileiros e estrangeiros, tendo participado do festival, entre outros, músicos de renome no cenário internacional, como Robin Nolan (Inglaterra), Jon Larsen (Noruega), Eva Scholten (Holanda), Paul Mehling (EUA), Tcha Badjo (Canadá), Walter Coronda, Ricardo Pellican, Roque Monsalve, Fran Seglie (Argentina), Florian Cristea (Romênia), Rudy Bado (Irlanda), e nacional, como Bina Coquet, Mauro Albert, Sandro Haick, Marcelo Modesto, Alessandro Penezi, Yuval Bem Lior, Vinícius Araújo, Benoit Decharneux, Marcelo Cigano, Thadeu Romano, Jazz Cigano Quinteto, Gypsy Jazz Club, Hot Club do Brasil, Roda Romani, Gadje Roma, Hot Jazz Club, Outro Gato, Alma Nouche, além do anfitrião Hot Club de Piracicaba.

A sequência de eventos dedicados ao gênero fez com que Piracicaba fosse batizada pela prestigiada revista “Guitar Player” (edição brasileira) como “a capital do jazz manouche no Brasil”.

O festival foi interrompido somente durante a pandemia de covid-19, sendo retomada, numa edição menor, em 2022.  

Em 2023, o festival foi incluído no Calendário Oficial de Eventos de Piracicaba, conforme a lei municipal nº 9.936, nascida de projeto de autoria da vereadora Silvia Morales, do mandato coletivo “A Cidade é Sua”. E aí, voltou a realizar sua programação costumeira.

Nesta ano, em sua 10ª edição, contará com os músicos holandeses Paulus Schafer, Tim Kliphuis e Simon Planting, além de, pela primeira vez, mostrar a arte de músicos asiáticos, representados por Yen-Hua Wang (Taiwan), Yumi Tsubouchi e Daiki Yamamoto (Japão).

Além deles, o público assistirá a apresentações dos argentinos Walter Coronda, Roque Monsalve e Ricardo Pellican e do venezuelano Rafael Marrero. Pellican é o organizador do Django Festival Argentina e um dos músicos mais emblemáticos do jazz manouche na América do Sul.

O festival apresentará também um importante encontro entre dois dos mais prestigiados músicos brasileiros, o multi-instrumentista Sandro Haick e o violinista romeno Florian Cristea, radicado no Brasil e integrante da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Recentemente, os dois gravaram um álbum em homenagem a Django Reinhardt e Stéphane Grappelli.

Para esta edição do festival foram ainda convidados a participar músicos e grupos brasileiros que têm tocado este estilo há bastante tempo e que constituem o movimento nacional do gyspsy jazz: Bina Coquet (São Paulo), Mauro Albert (Florianópolis), Jazz Cigano Quinteto (Curitiba), Gypsy Jazz Club (Brasília) e o quinteto do Hot Club de Piracicaba (Piracicaba).

O Festival de Jazz Manouche de Piracicaba tem parceria com o Festival Manouche de Curitiba. E os artistas convidados para Piracicaba irão para o Paraná, onde se apresentarão em 14 de agosto, às 19h30, no Teatro Paiol, juntamente com integrantes do Hot Club de Piracicaba e do Jazz Cigano Quinteto, no show “Jazz Manouche Ásia-Brasil”

O festival conta com apoio da Drogal, Prefeitura de Piracicaba, Secretaria Municipal da Ação Cultural (Semac), Consulado da Holanda, Hot Club de Piracicaba, Tutta Birra, iPu Va’e, Neurônio Adicional, Jovem Pan FM, Primo Luiz, New Life, Casaretto, Lupac e Tempo D Comunicação e Cultura. A produção é da Empório Produções.

Programação

9 de agosto: Teatro Erotides de Campos (evento gratuito)

19:30- Florian Cristea (Romênia/Brasil), Sandro Haick e Danilo Vianna (São Paulo), com os convidados Ricardo Pellican (Argentina) e Fernando Seifarth (Piracicaba).

20:30- Paulus Schafer, Tim Kliphuis & Simon Planting (Holanda)

Jam session – A Tutta Birra, com Vitrola Manouche e convidados 

10 de agosto: Engenho Central (evento gratuito).

14:00 – Exposição de fotos Eloy Porto Neto, por Antônio Trivelin

14:30 – Abertura com o Hot Club de Piracicaba e Pa Moreno. 

15:00 – Jazz Cigano Quinteto, com André Ribas (Curitiba)

16:00 – Yen-Hua Wang (Taiwan) e quinteto do Hot Club de Piracicaba (Brasil)

17:00 – Yumi Tsubouchi e Daiki Yamamoto (Japão), com Thadeu Romano e Danilo Vianna (São Paulo). Convidados: Vinicius Araújo (Curitiba) e Fernando Seifarth (Piracicaba)

18:00- Gypsy Jazz Club (Brasília)

19:00 – Ricardo Pellican e Walter Coronda (Argentina), com Danilo Vianna, Marcelo Cigano (São Paulo) e Mauro Albert (Florianópolis).

20:00 – Roque Monsalve (Argentina), Bina Coquet (São Paulo), Rafael Marrero (Venezuela), Nando Vicencio (São Paulo). 

16 de agosto

Jam session “Ásia-Brasil” no Primo Luís, com Yumi Tsubouchi, Daiki Yamamoto, Yen-hua Wang, Fernando Seifarth, Renato Borghi e convidados.

Workshop com os artistas asiáticos no Instituto Formar, 14hs30.

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Last Update: 06/08/2024