A bolsa de valores de Tóquio caiu 12,4%, atingindo 31.458 pontos na última segunda-feira (5), a maior queda do índice Nikkei desde 20 de outubro de 1987. Na sexta-feira passada, o índice já registrara recuo de 5,8%, com o índice perdendo todos os ganhos obtidos este ano e recuando mais de 25% da máxima registrada em julho. A bolsa japonesa, no entanto, não foi a única a despencar.
Nos EUA, o índice Nasdaq Composite (que agrupa as empresas de tecnologia) caiu 3,2%, enquanto o S&P 500 (as 500 maiores empresas na bolsa norte-americana) perdeu 2,5%. Segundo o sítio de informações do mercado financeiro Blocktrends, os EUA perderam “US$ 2 trilhões, ou um Brasil, em apenas um dia”.
Conhecido como o “indicador de medo” de Wall Street, o índice Vix, responsável por medir a expectativa de turbulência na bolsa norte-americana, saltou para mais de 65 pontos, o nível mais alto desde 2020. A razão para tanto pânico é o comportamento da economia norte-americana.
Um dos principais órgãos de propaganda imperialista nos EUA, o jornal The New York Times publicou que “uma onda de ansiedade percorreu os mercados financeiros na segunda-feira, com as ações caindo nos Estados Unidos e em todo o mundo”, o que, segundo o jornal, deve-se, “aos sinais de abrandamento da economia norte-americana”.
“A queda de segunda-feira prolongou uma liquidação iniciada na semana passada, após o relatório sobre o emprego nos Estados Unidos, na sexta-feira, ter revelado uma contratação significativamente mais lenta, com o desemprego subindo para o seu nível mais elevado em quase três anos. Isto aprofundou os receios de que a maior economia do mundo possa estar entrando em declínio acentuadamente e que a Reserva Federal possa ter esperado demais para reduzir as taxas de juro.”
O informe não se aprofundou no tema, mas o dado do desemprego é significativo, visto que há três anos, a economia mundial encontrava-se paralisada pela pandemia do coronavírus. O nível de emprego atualmente, sem pandemia, ser o mesmo que em 2020 é significativo da dimensão da crise econômica, que há tempos vem dando sinais de uma iminente explosão.
Na última sexta-feira (3), o banco central norte-americano, o Fed, anunciou que manterá a taxa básica de juros entre 5,25% e 5,5% ao ano, o maior patamar desde junho de 2023. Decorrente da política de arrocho econômico, o mercado de trabalho da principal potência imperialista do mundo registrou 114 mil novos postos criados no mês de julho, contrariando a expectativa de algo em torno de 185 mil. Com isso, o percentual de trabalhadores desempregados nos EUA subiu de 4,1% para 4,3%.
Na Europa, as bolsas acompanharam o resultado catastrófico das praças japonesa e norte-americana, fechando o pregão desta segunda-feira (5) também em forte queda. Além da pressão das outras duas nações imperialistas e da preocupação com a recessão nos EUA, a economia europeia também começou a semana com a notícia de que índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) da zona do euro, que engloba os setores industrial e de serviços, caiu de 50,9 para 50,2. Abaixo de 50, o indicador significa uma recessão na economia europeia.
No Reino Unido, o índice FTSE 100 da bolsa de Londres caiu 2,04%, atingindo 8.008,23 pontos. Na França, o índice CAC 40 apagou o ganho acumulado ao longo do ano na semana passada, fechando o pregão de segunda com perda de 1,42%, a 7,148,99 pontos. Na Alemanha, o índice DAX, da bolsa de Frankfurt, encerrou em baixa de 1,95%, a 17.317,58 pontos. Finalmente, na Itália, o índice FTSE MIB da bolsa de Milão caiu 2,27% e foi abaixo dos 32.000 pontos, encerrando aos 31.293,52 pontos.
Segundo o economista-chefe do Hamburg Commercial Bank Cyrus de la Rubia, o setor de serviços provavelmente não terá muito impulso no segundo semestre de 2024. “A queda no setor de serviços está acontecendo em toda a zona do euro. O crescimento desacelerou na Alemanha, Itália e Espanha. A França é a única exceção, onde o PMI subiu. Mas mesmo lá, o setor quase não está crescendo e, portanto, ainda está atrasado em relação aos outros países”.
Ao E-Investidor do jornal Estado de S. Paulo, Alexandre Mathias, estrategista-chefe da corretora Monte Bravo, considerou o comportamento das bolsas “excessivo”: “não há evidências de que a economia dos EUA esteja entrando em recessão, embora os riscos tenham aumentado. Por isso, é importante manter a tranquilidade e aguardar a depuração deste processo, que deve ocorrer até o final do mês”.
Muitos outros economistas repetem a argumentação de Mathias e consideram as preocupações demonstradas com uma economia norte-americana mais fraca tendo como base o emprego uma reação exagerada. Há, porém, outros receios que levam à desconfiança em relação ao comportamento da economia dos EUA, em especial, o risco de uma escalada militar no Oriente Médio, no meio das crescentes tensões entre “Israel” e o Irã, o que coloca mais pressão sobre o mercado especulativo.
“Há duas coisas influenciando os preços, uma é o risco de recessão e essa é a principal preocupação, mas, para além disso, há um pouco de ansiedade em torno da geopolítica e da retaliação esperada do Irã e do Hesbolá após os ataques israelitas”