Em meio à pressão popular, a primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, renunciou ao cargo que ocupava há 15 anos e fugiu do país, nesta segunda-feira (5). Os protestos estudantis contra o governo – considerado autoritário por alguns – já resultaram em centenas de mortes, nos últimos dias.
Segundo a imprensa local, Hasina e sua irmã foram transportadas num helicóptero do Exército para um local “considerado seguro”. A CNN News 18 afirmou que Hasina está na cidade de Agartala, no nordeste da Índia.
A fuga ocorreu enquanto milhares de manifestantes invadiam a residência oficial da premiê, na capital Daca, apesar do toque de recolher e do bloqueio à internet em todo o país. Uma estátua do xeque Mujibur Rahman, pai de Hasina e líder da independência do país, também foi alvo dos protestos.
Em meio ao caos, o Aeroporto Internacional Hazrat Shahjalal, localizado na capital, foi fechado temporariamente até o fim da tarde no horário local,
Forças Armadas no comando
O anúncio sobre a renúncia de Hasina foi feito pelo comando das Forças Armadas, que já trabalha na formação de um governo interino comandado pelos próprios militares.
Em pronunciamento, o chefe do exército, general Waker Uz Zaman, afirmou que o governo interino “funcionará até que uma solução para Bangladesh seja encontrada” e pediu que a população confie nos militares para “restaurar a calma”.
Zaman disse ainda que deve atender às demandas dos manifestantes e fazer justiça àqueles que foram mortos.
Os protestos
Nas últimas semanas, o país localizado no sudeste asiático enfrenta uma onda de protestos que já deixaram mais de 300 mortos. Só ontem, foram confirmadas mais de 90 óbitos em decorrência dos confrontos populares com as forças de segurança locais.
Os manifestantes são contra um sistema de cotas do governo que havia sido abolido em 2018, mas foi restabelecido em junho. A política prevê a reserva de 30% dos empregos públicos para parentes de veteranos da guerra contra o Paquistão, em 1971.
Os protestos, liderados por grupos de estudantes do país, começaram de forma pacífica, mas se tornaram cada vez mais violentos em meio a repressão policial e conflitos com grupos pró-governo.