Questão de Prioridade
por João Silva
Distrações tiram foco do investimento transformador, inclusivo e que afasta riscos externos
A situação política global está em crise, com a reeleição contestada do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, apenas um dos muitos conflitos que afetam nossos interesses. Tudo isso é distração para um governo que desvia atenção para o que é prioritário na cena doméstica.
A realidade política e econômica continua volátil, condicionada por três fatores simultâneos.
O primeiro é que o presidente Lula foi eleito por uma margem estreita de votos e governa graças a um arranjo precário com partidos de direita e centro. O segundo fator é a governança econômica, conduzida por objetivos de gestão centrados nas tentativas de redução da dívida pública. O terceiro fator é a política fiscal leniente, que torna restritiva a política monetária.
Não há investimento produtivo que resista às deformidades fiscal e monetária, ambas expressões da política sem beira.
Cenários Adversativos
As consequências deletérias desses impasses passam despercebidas na fotografia, mas há redução da taxa de desemprego e o salário médio vem subindo. No entanto, o crescimento econômico é movido por gasto público e alguma retomada do crédito.
O investimento em novas atividades e em infraestrutura é o que tira a estagnação que nos prende ao que destaca estudo do Banco Mundial: a “armadilha da renda média”. Para rompê-la são necessárias reformas de todo tipo e disposição dos governantes e políticos em executá-las.
Soluções para Desengessar
O tempo passa, mas há tempo e jeito para ajustes de rota. Grandes mudanças no arcabouço não acontecerão com a atual configuração ministerial. Um ajuste principista seria assumir que não há força política e social para aumentar a carga tributária.
O que há é espaço para grandes ganhos na gestão pública por meio do emprego maciço de tecnologia da informação. Em dois anos, um programa que considera a redução orgânica do número de aposentados e o emprego de softwares racionalizadores de mão de obra deve liberar R$ 2 bilhões em investimentos públicos.
Compreender também que a carteira de obras de infraestrutura carece é de aportes diretos nos ativos licitados para deslanchar esse investimento.
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