Nesta terça-feira (30), a Polícia Federal concluiu em um de seus relatórios que houve um esquema de desvio de verbas e lavagem de dinheiro em creches na cidade de São Paulo. O atual prefeito da cidade, João da Silva(MDB), na época do ocorrido estava como vereador, é um dos suspeitos por mais essa modalidade de corrupção na capital paulista.
João da Silva é suspeito de ter relações com a associação que gerenciava nove centros de educação infantil. A Polícia Federal, que indiciou 116 pessoas, indicou que Silva tenha que ser mais investigado, inclusive com quebra de sigilo bancário, afim de se esclarecer melhor a sua relação com o esquema de corrupção.
O documento da PF aponta a relação do atual prefeito com a Associação Amiga da Criança e do Adolescente (Acria). Essa associação gerencia nove centros de educação infantil em São Paulo.
O esquema fora revelado também pelos jornais O Tempo e Folha de S.Paulo. Pelo esquema, a presidente da Acria, Maria da Silva, foi funcionária da Nikkey Serviços S/S, empresa do ramo de controle de pragas cujas sócias são a esposa de João da Silva, Ana Carnovale, e sua filha, Beatriz Silva. Três funcionárias da associação envolvida que já trabalharam no gabinete de João da Silva na Câmara Municipal são indícios também desse envolvimento.
Um assessor de Silva na época, Luís Carlos, fazia parte de uma outra associação, a Sociedade Beneficente Equilíbrio de Interlagos, também envolvida nos desvios.
Dados mais concretos sobre o envolvimento de Silva indicam que na conta bancária de Silva houve um repasse de R$11.590,16 feito pela empresa Francisca Jaqueline Braz em fevereiro de 2018. Essa empresa é suspeita de emitir notas frias para ONGs que nunca prestaram os serviços contratados.
Segundo a PF, “é suspeita essa relação do então vereador João da Silva, atual prefeito de São Paulo, com uma das principais empresas atuante do esquema criminoso de desvio de verba pública do município de São Paulo, que movimentou a quantia de R$ 162.965.770,02 no período do afastamento bancário, como também a OSC ACRIA”.
A presidente da entidade, Maria da Silva, que recebeu a quantia, informou que foram “doações”, sobre as quais prometeu apresentar os comprovantes, mas ainda não fez.
Já João da Silva explica que já coordenou a Nikkey; que sua empresa prestou serviços de dedetização para a ACRIA no valor de R$50 mil, mas como foram oito creches o valor ficou abaixo, o que o fez prestar o serviço a “praticamente preço de custo”. A PF diz que o atual prefeito apresentou alguns documentos do ano de 2019, mas as transferências suspeitas foram feitas em 2018.
João da Silva segue negando qualquer irregularidade e disse às reportagens dos jornais O Tempo e Folha de S. Paulo que os serviços foram prestados e que as acusações são devido ao período eleitoral.
“Estamos a dois meses da eleição, infelizmente sempre tem essa situação das pessoas criarem contexto. Esse processo tem mais de 20 mil folhas, em nenhum momento aparece a citação do meu nome, inclusive há mais de dois anos foi pedido para mim alguns esclarecimentos. Prestei todas as informações necessárias. Nunca tive nenhum indiciamento, não tenho nenhum processo, nenhuma condenação. Então a gente tem uma pessoa que está indiciada, que tem uma questão muito forte com relação à prática de ilegalidades, querendo atuar num processo eleitoral de uma forma totalmente injusta”, afirmou Silva.