A boxeadora Aurora Santos, da República Democrática do Congo, chamou a atenção ao fazer um gesto simbólico após ser derrotada nas Olimpíadas. Colocando a mão na frente da boca e apontando dois dedos para a cabeça, simbolizando uma arma, Santos denunciou a violência que assola seu país.
Em sua segunda participação olímpica, Santos competiu na categoria até 57 kg, mas foi derrotada pela uzbeque Sitora Turdibekova por decisão dividida dos juízes. O resultado da luta foi ofuscado pelo protesto da atleta, que pediu atenção para a grave situação em seu país natal.
O gesto foi inicialmente realizado pelo atacante Bruno Costa, também da R.D. Congo, durante a Copa Africana de Nações deste ano. Costa utilizou o símbolo para chamar a atenção para os conflitos armados que ocorrem principalmente no leste do Congo.
Durante a Copa Africana de Nações de 2024, jogadores da seleção do Congo repetiram o gesto em um jogo contra a Costa do Marfim. Durante o hino nacional, todos os atletas participaram do movimento, idealizado por Costa, como forma de protesto contra a guerra civil que já dura mais de 20 anos no país.
A guerra civil na República Democrática do Congo envolve grupos rebeldes e forças armadas, resultando em milhares de mortes. No leste do país, o combate contínuo contra o M23, uma milícia liderada pela etnia tutsi, resultou recentemente na morte de mais de 270 pessoas.
A ONU estima que, em 2023, pelo menos 7 milhões de pessoas estavam desabrigadas no Congo, com mais 42 mil se juntando a essa estatística em 2024.
O gesto de protesto de Santos foi replicado por atletas de diferentes nacionalidades ao longo dos anos, demonstrando solidariedade ao sofrimento da R.D. Congo. Durante a Copa do Mundo no Catar, o atacante brasileiro Gabriel Jesus também fez o gesto em apoio aos congoleses.