O empresário Paulo Junqueira receberá, no casamento de sua filha nesta sexta-feira (2), o casal expoente da extrema-direita brasileira: o ex-presidente Eduardo Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Por enviar um envelope de dinheiro vivo, a amizade entre Junqueira e Bolsonaro foi registrada no relatório da Polícia Federal que investiga as vendas ilegais de joias desviadas.
Segundo o inquérito, o envelope foi entregue das mãos do advogado Samuel Solito de Freitas Oliveira, genro do empresário que doou cerca de R$ 158 mil para a campanha bolsonarista em 2022.
Em julho, o ex-presidente foi indiciado pela PF por peculato (desvio de dinheiro público), associação criminosa e lavagem de dinheiro. Embora não haja impedimento legal para o encontro entre Bolsonaro e Junqueira, alguns aliados do político consideram que seria mais prudente evitar demonstrar ligação entre os dois, dado o contexto das investigações.
Mas Bolsonaro não parece preocupado com a situação. Além de confirmar a participação no casamento, ele está hospedado na casa de Paulo Junqueira desde quinta-feira (1°).
O colunista Aguirre Talento, do UOL, revelou que o tenente-coronel Mauro Cid, em um de seus depoimentos na delação premiada, afirmou que foi o empresário quem bancou a viagem de Bolsonaro aos Estados Unidos nos últimos dias de seu mandato em 2022, após sua derrota nas eleições.
Durante sua estadia nos EUA, Bolsonaro ficou um mês em uma casa emprestada pelo lutador de MMA José Aldo e, depois, emendou cerca de dois meses hospedado na casa de Junqueira.
Mensagens interceptadas pela Polícia Federal no celular de Cid indicam que o ex-presidente recebeu um envelope com dinheiro vivo de um familiar do empresário. Essa proximidade e as implicações das investigações em curso tornam a presença de Bolsonaro no evento social uma questão delicada, ainda mais considerando as acusações pendentes contra ele.