Investigado por suposta omissão no dia 8 de Janeiro, o coronel da Polícia Militar do Distrito Federal Jorge Eduardo Naime Barreto recebeu 578 mil reais no mês de junho, como atesta o contracheque publicado no Portal da Transparência.
O valor é composto por gratificações por tempo de serviço: 539,3 mil de licença-prêmio, 3,6 mil de benefícios e 11,7 mil relacionados a serviço voluntário gratificado, horas extras, 13º salário, férias e diárias. Além disso, entrou na conta 23 mil reais referentes à sua aposentadoria.
É comum coronéis receberem montantes que giram em torno de 500 mil quando se aposentam, pois eles recebem licença-prêmio e licença especial – benefícios referentes a afastamentos previstos em lei que não foram usufruídos ao longo da carreira.
Naime ganhou destaque na imprensa recentemente por reformar a casa ao mesmo tempo em que recebia doações de apoiadores enquanto estava preso. A esposa dele, Mariana Adôrno Naime, afirma que as obras foram realizadas após a soltura do coronel, com o dinheiro que ele recebeu de sua aposentadoria.
Durante sua permanência no presídio, o militar teve seu salário suspenso. O pagamento só foi reestabelecido em janeiro deste ano e os pedidos de contribuição tiveram início após a retomada da remuneração.
Jorge Eduardo Naime era chefe do Departamento de Operações da PM, mas não estava no cargo durante os atos golpistas. O coronel é acusado pela Procuradoria-Geral da República de omissão ante os atos antidemocráticos. Ele foi o primeiro militar da alta cúpula da PMDF preso nas investigações do 8 de Janeiro.