Analistas começam a se movimentar dentro do mercado financeiro norte-americano diante da possibilidade de uma nova crise no setor imobiliário, desta vez puxada pelas mudanças climáticas.
Após a crise do subprime, David Burt abriu uma empresa de pesquisa chamada DeltaTerra Capital, voltada para alertar investidores sobre a próxima crise imobiliária – em webinar com jornalistas no mês de julho, Burt alertou que os riscos de incêndios florestais e inundações de proprietários de imóveis nos EUA estão sub-assegurados em US$ 28,7 bilhões ao ano.
Desta forma, quase 19% do total de casas existentes nos EUA (mais de 17 milhões de residências) correm o risco de sofrer o que pode chegar a US$ 1,2 trilhão em destruição de valor.
Contudo, reportagem destaca que tal prognóstico pode ser conservadora: dados da empresa de risco climático First Street Foundation indicam que, apenas em 2023, 39 milhões de casas nos Estados Unidos (quase todas as residências unifamiliares do país) estão sub-seguradas contra desastres naturais, incluindo 6,8 milhões que dependem de seguradoras de último recurso apoiadas pelo estado.
Riscos subestimados
Em muitas partes dos Estados Unidos, os prêmios de seguro não refletem o risco de catástrofes influenciadas pelo clima, o que tem sido cada vez mais frequente.
Dados da National Oceanic and Atmospheric Administration mostram que 28 desastres climáticos ocorridos nos EUA no ano passado causaram US$ 1 bilhão ou mais em danos, e tudo indica que tal recorde pode ser ao menos igualado: até agora, o país registrou 15 eventos do tipo, e os dados não consideram os danos causados pelo furacão Beryl, que podem chegar a US$ 30 bilhões.
Globalmente, o custo com os desastres naturais ultrapassou os US$ 120 bilhões neste ano até o momento, de acordo com dados da resseguradora Munich Re – sendo que apenas US$ 62 bilhões foram cobertos por seguro, um montante 70% acima da média de longo prazo.
Boa parte desses danos foi registrada nos EUA, e muitos desses danos foram custeados pelos proprietários de imóveis.
Os prêmios de seguro residencial aumentaram 11% em média nos EUA em 2023, de acordo com a S&P Global Market Intelligence, mas os prêmios não são altos o suficiente pois os proprietários de imóveis não querem pagar taxas exorbitantes, e prêmios mais altos também comprometem o valor dos imóveis e, por consequência, a tributação.