A União Brasileira de Mulheres (UBM) solicitou ao Ministério Público Federal a abertura de uma investigação sobre os ataques racistas sofridos por Ana Vieira, vencedora do Miss São Paulo 2024. Desde a coroação, em 24 de julho, a modelo de 33 anos tem sido alvo de comentários preconceituosos nas redes sociais, incluindo alegações de que sua vitória foi resultado de “cotas”.

Na representação, a entidade requer a instauração de dois procedimentos: um criminal e outro civil. No primeiro, a UBM pede que a Polícia Federal conduza a investigação, argumentando que os crimes ocorreram na internet, onde o alcance é global. “Considerando os fatos narrados, percebe-se que os ataques racistas e discriminatórios ocorreram no âmbito da internet e redes sociais. Nesse sentido, há uma potencialidade dos fatos serem acessados e publicados a partir de qualquer local do mundo, o que justifica a competência da Justiça Federal”, alegou a entidade.

Já no segundo, é solicitado que a Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão apure as condições e medidas de enfrentamento ao racismo e misoginia por parte das organizações de concursos de beleza.

Segundo os advogados Carlos Nicodemos e Maria Fernanda Fernandes, a competência federal se justifica tanto pelos ataques ocorridos por meio da internet quanto pelo fato de o concurso ser de âmbito nacional.

Em manifestação pública, Ana Vieira questionou o ódio direcionado a ela: “Por que tanto incômodo? Por que tanto ódio?”. Na representação, a UBM argumenta que ataques reiterados contra concorrentes negros em concursos de beleza “demonstram mais uma faceta do racismo estrutural brasileiro que deve ser combatido com medidas efetivas no âmbito criminal para punir atos criminosos”.

Na última segunda-feira (29), o Miss Universe São Paulo e o Miss Universe Brasil repudiaram, nas redes sociais, os ataques sofridos por Ana Vieira.

Última Atualização: 02/08/2024