Hamas declara “dia de vingança” para homenagear funeral do seu líder político em Doha

O líder do Hamas, Ismail Haniyeh, assassinado na quarta-feira no Irã, em ataque atribuído a Israel, deve ser enterrado sexta-feira no Catar, onde estava exilado. Após um funeral oficial, marcado por apelos à vingança, que reuniu milhares de pessoas na quinta-feira em Teerã, uma cerimônia de oração será realizada na mesquita do imã Mohammad ben Abdel Wahhab, a maior da capital, Doha.

O corpo de Haniyeh chegou na grande mesquita de Doha, na manhã desta sexta-feira. O Hamas convocou um “dia de fúria” para marcar o enterro de seu líder político e exigiu que “protestos ferozes saindo de todas as mesquitas” após a grande oração de sexta-feira.

Ismail Haniyeh, segundo o movimento islâmico palestino, deve ser enterrado em um cemitério em Lusail, no norte da capital do Catar, com “participação popular e de líderes árabes e islâmicos”.

A Turquia declarou um dia de luto nacional.

Haniyeh, de 61 anos, foi morto na quarta-feira por um “projétil aéreo”, segundo a imprensa local, quando estava em uma das residências reservadas a veteranos de guerra no norte de Teerã, depois de participar da cerimônia de posse do presidente iraniano Massoud Pezeshkian.

O Irã, o Hamas e o Hezbollah libanês acusaram Israel do assassinato. Mas, segundo o Exército israelense, o único ataque realizado naquela noite no Oriente Médio foi o que matou Fouad Chokr, o líder militar do Hezbollah, nos subúrbios ao sul de Beirute.

O corpo de Haniyeh foi recebido com uma cerimônia de oração na mesquita do imã Mohammad ben Abdel Wahhab, a maior da capital, Doha.

Temores de extensão da guerra

“Israel não tem ideia de quais linhas vermelhas cruzou”, disse o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, na quinta-feira, durante o funeral de Fouad Chokr, ameaçando Israel com uma “resposta inevitável”.

O Hezbollah, aliado do Hamas e apoiado pelo Irã, tem trocado tiros quase diários com o Exército israelense ao longo da fronteira entre Israel e o Líbano, desde o início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro.

Os ataques em Teerã e Beirute reavivaram temores de uma extensão da guerra a todo o Oriente Médio, entre Israel e o Irã e os grupos que apoia no Líbano, na Síria, no Iraque e no Iêmen.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse na quinta-feira que Israel estava em um “nível muito alto” de preparação para qualquer cenário, “tanto defensivo quanto ofensivo”.

Num telefonema com Netanyahu na quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, “reafirmou seu compromisso com a segurança de Israel contra todas as ameaças do Irã, incluindo de grupos terroristas por procuração como o Hamas, o Hezbollah e os Houthis do Iêmen”.

Poucas horas depois, Biden afirmou que estava “muito preocupado” com as tensões no Oriente Médio e disse que o assassinato do líder do Hamas “não ajudou” a situação.

Funeral e apelos à vingança

Na quinta-feira, milhares de pessoas, carregando retratos de Ismail Haniyeh, compareceram ao seu funeral em Teerã, marcado por apelos à vingança.

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, recitou a oração pelos mortos diante dos caixões de Ismail Haniyeh e do seu guarda-costas, cobertos com a bandeira palestina.

Funeral de Ismail Haniyeh, líder do Hamas, no Irã.
Foto: AFP

Os rebeldes Houthi, também aliados do Hamas, prometeram na quinta-feira uma “resposta militar” à “escalada perigosa” provocada, segundo eles, por Israel.

Segundo The New York Times, citando três responsáveis ​​iranianos não identificados, o aiatolá Khamenei, durante uma reunião de emergência do Conselho Supremo de Segurança Nacional na quarta-feira, deu a ordem para atacar Israel diretamente, em resposta ao assassinato de Ismail Haniyeh.

O Catar acolhe o escritório político do Hamas com o aval dos Estados Unidos desde 2012, após o movimento palestino ter fechado seu gabinete em Damasco.

Ismail Haniyeh desempenhou um papel fundamental nas negociações para uma possível trégua em Gaza, em ligação com mediadores do Catar que, após o assassinato do líder do Hamas, lançaram dúvidas sobre o futuro desta mediação.

A comunidade internacional pediu calma e a continuação dos esforços para um cessar-fogo em Gaza.

Artigo Anterior

MPF é solicitado a apurar denúncias de discriminação racial contra Miss São Paulo

Próximo Artigo

Tendência privatista de Tarcísio ganha impulso contra expansão do Metrô de São Paulo

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!