Essa sexta-feira (1º) foi o 300º dia da Operação Libertação de Jerusalém, um dos maiores sucessos militares e políticos da história da humanidade. Lançada no dia 7 de outubro de 2023 pelo Movimento de Resistência Islâmica, o Hamas, contra o Estado de “Israel”, ela foi um sucesso desde sua primeira hora. Desde então, “Israel”, que por décadas parecia indestrutível, caminha rapidamente para sua extinção. O desespero dos sionistas, que apelam para assassinatos políticos, é mais uma prova desse fato.
A existência do Estado de “Israel” está sendo questionada até mesmo pelo candidato que pode vencer as eleições nos Estados Unidos, Donald Trump: “temos que ganhar esta eleição. Precisamos que o povo judeu vote em Trump. Se você não tiver judeus votando nos republicanos, você não terá Israel por muito tempo”. Isso mesmo com o governo Biden-Kamala durante esses 300 dias de guerra tendo sustentado “Israel” com dezenas de bilhões de dólares, apoio militar, apoio diplomático e apoio de imprensa. O Hamas não está só derrotando o Estado de “Israel”, está derrotando todo o bloco imperialista unificado.
O genocídio do povo palestino, talvez a maior monstruosidades do século, ofusca essa vitória. Mas, diante de 100 anos de opressão, de genocídio permanente, os últimos 300 dias foram de gigantesco avanço para a luta dos palestinos. As guerras de libertação nacional infelizmente passam por esse tipo de violência extrema antes de serem vitoriosas, é nesse momento do ápice da luta de classe que o imperialismo mostra sua face real. E quando a violência chega no ponto máximo é porque eles estão prestes a perder. O povo palestino sabe disso e por isso apoia cada vez mais o Hamas.
A Libertação de Jerusalém
Ao raiar do sol do dia 7 de outubro de 2023, o comandante das Brigadas al-Qassam, o braço armado do Hamas, proferiu um discurso logo antes do lançamento da operação militar. Ele afirmou: “a era das apostas terminou, e a ocupação deve ser expulsa. Ó, nosso povo em todos os países árabes e islâmicos, comecem a marchar, não amanhã, e rompam as fronteiras e barreiras. Este é o dia do grande momento para acabar com a ocupação. Hoje, quem tem uma arma, que a traga; é a hora dela. Todos devem sair com seus caminhões, carros ou ferramentas. Hoje, a história abre suas páginas mais puras e honrosas”.
Milhares de combatentes palestinos, então, ultrapassaram o muro do campo de concentração de Gaza e atacaram diversos alvos militares em “Israel”. A derrota dos sionistas foi tão grande no 7 de outubro que, passados 300 dias, eles ainda não sabem o que fazer para superá-la. Cada movimentação de “Israel” apenas faz o Estado sionista afundar ainda mais. Primeiro foram os bombardeios em Gaza. Isso levou o Hesbolá, a resistência iraquiana e o Iêmen a começarem a atacar “Israel” também.
Depois, foi a invasão de Gaza. O exército sionista hesitou semanas para entrar sabendo que não seria vitorioso. E de fato não foi, a derrota em Gaza foi gigantesca. O exército, que até então era considerado o mais poderoso do Oriente Médio, foi derrotado pela guerrilha palestina. Os generais tiveram de apelar para o alistamento obrigatório de judeus ultraortodoxos anti-guerra devido à falta de soldados. “Israel” está ficando sem tanques, pois suas fábricas não conseguem produzir partes suficientes diante de tantos acertos diretos do Hamas.
Então, “Israel” decidiu escalar. Ampliou seus ataques ao Hesbolá, ao Irã, e os Estados Unidos fizeram o mesmo serviço contra o Iraque e contra o Iêmen. Isso levou a resistência a retaliar e ter mais vitorias militares. O Iêmen se tornou mestre do Mar Vermelho. O Hesbolá se tornou o mestre do norte de “Israel”. A resistência do Iraque colocou a ocupação dos EUA na Síria e no Iraque em xeque. E o Irã atacou “Israel” pela primeira vez em sua história e mostrou ao mundo inteiro que é a maior força política e militar do Oriente Próximo.
Enquanto isso, o mundo inteiro se levantou contra “Israel” nas ruas. O chamado de Mohamed Deif se estendeu da cidade de Jerusalém ocupada até Nova Iorque. Há décadas não havia uma reivindicação que unificasse tantos povos do mundo como a da libertação da Palestina. Biden teve de mostrar que é um fascista genocida durante o ano da eleição. Gaza se tornou o epicentro da política mundial por 300 dias, essa é a força da Revolução Palestina.
A popularidade do Hamas cresceu, e ultrapassou as fronteiras da Palestina. A juventude dos EUA e da Inglaterra, principais países que oprimem o povo palestino, passou a defender abertamente a resistência armada dos palestinos. Décadas de campanha contra o terrorismo caíram por terra. As organizações antes demonizadas agora são consideradas como de verdadeiros heróis pela juventude. E, em breve, a barreira da idade deve ser superada.
A agonia do sionismo
Nesses 300 dias, a sociedade sionista passou por uma gigantesca desintegração. A economia está se destruindo com tanto tempo de guerra. Centenas de milhares de jovens deixaram o trabalho para servir o exército. O porto de Eilat faliu totalmente devido ao bloqueio do Iêmen. Centenas de milhares de colonos tiveram de fugir do entorno de Gaza e principalmente do norte devido aos ataques do Hesbolá. Dezenas de milhares de empresas fecharam as portas. Ninguém sabe quantos israelenses fugiram para nunca mais voltar.
No âmbito político, o caos é total. A extrema direita mais radical, que defende abertamente o genocídio, se tornou a principal força política do país. Netaniahu se equilibra em um sistema que já está em colapso. A situação é tão critica que o cessar-fogo ainda não foi aprovado, pois há um medo que essa direita comece uma guerra civil contra o governo. Todas as outras esferas da sociedade estão contra a guerra, até mesmo os generais já declararam que querem o fim da guerra.
Ou seja, o exército luta uma guerra, pois teme que a sociedade israelense vá se desintegrar completamente caso ela acabe. É uma situação quase sem precedentes na história.
Diante de uma crise dessas proporções o desespero reina. Daí surge a campanha de assassinatos, algo que “Israel” faz desde a década de 1970 e que nunca impediu nenhuma organização da resistência de crescer, somente as fortaleceu. Os últimos foram em Beirute, na terça-feira (30), e em Teerã, na quarta-feira (31). Tanto o Hesbolá quanto o aiatolá já afirmaram que a resposta será violenta.
Essa gigantesca vitória política dos palestinos é fruto da Operação Libertação de Jerusalém, uma operação que mudou a luta política internacionalmente. Ismail Hanié, Iahia Sinuar, Mohamed Deif e outras lideranças como Hassan Nasseralá e Abdul Malic al-Huti serão lembrados como grandes heróis de todos os oprimidos por toda a história. O mundo os saúda.