Nessa semana, em desespero pelas derrotas consecutivas, o Estado sionista, posto em crise pela resistência palestina armada, amplificou os fatores desfavoráveis ao enclave imperialista.

Sangue de Haniyeh mancha a honra do Irã

O assassinato do chefe do birô político do Hamas, Ismail Hanié tornou-se uma questão de honra para o Irã. Ele e o seu guarda costas, Uasim Abu Shabaan, foram assassinados na capital iraniana, Teerã. Hanié estava em vistia para participar da cerimônia de posse do novo presidente iraniano, Masoud Pezeshkian.

Nas palavras do secretário-geral do Hesbolá, Saied Hassan Nasseralá, a ação foi uma violação à segurança e soberania do Irã. “Eles imaginam que podem matar o líder Ismail Hanié em Teerã e o Irã permanecerá em silêncio?” Questionou.

O aiatolá Saied Ali Khamenei, chefe de Estado do Irã, declarou: “o regime sionista criminoso e terrorista martirizou nosso querido hóspede em nossa terra natal e nos deixou em luto, mas também preparou o terreno para uma punição severa para si mesmo“.  E seguiu: “o aspecto mais importante é que o Irã considera isso um ataque à sua honra”. Destacou que  o regime sionista assassinou um “hóspede da República Islâmica”, e assim “também preparou o terreno para a punição severa [do inimigo] sobre si mesmo“.

O assassinato do principal líder militar assassinado do Hesbolá

Outra vítima do regime sionista foi o principal líder militar do Hesbolá, Fouad Shokur. Nasseralá afirmou que esse assassinato tinha “o objetivo de acusar a Resistência é incitar conflitos sectários entre o povo [druso] do Golã ocupado e [o Hesbolá] e, por trás dele, a seita xiita, a fim de minar as conquistas mais significativas do Dilúvio de al-Aqsa“.

Essa política beligerante “não é uma reação ao que aconteceu em Majdal Shams [Golã], mas sim uma reivindicação, um engano e parte da guerra e da batalha”.

Vingança aos crimes sionistas

Uma realidade indelével é que os recentes crimes de guerras de “Israel” na região inflamaram o clamor por vingança entre os combatentes da Resistência. Essa ira comum aos que lutam contra a ocupação sionista foi exporta pelo comandante-chefe do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), major-general iraniano Hossein Salami.

A declaração foi realizada em homenagem a Milad Bidi, assassinado por “Israel” em Haret Hreik, junto ao comandante do Hesbolá. Salami elogiou o comprometimento de Bidi contra o regime sionista “opressivo, criminoso e ocupante”.

O crime hediondo cometido pelo regime sionista ao matar Ismail Hanié… sem dúvida será recebido com uma resposta dura e dolorosa da poderosa Frente de Resistência”, afirmou a Guarda Revolucionária do Irã em comunicado. A GRI ainda sustentou que: “estamos estudando as dimensões do martírio de Ismail Hanié, chefe do gabinete político do Hamas, e anunciaremos os resultados da investigação mais tarde“.

Reunião de emergência da Organização de Cooperação Islâmica

Após assassinato de Hanié, o ministro interino das Relações Exteriores do Irã, Ali Bagheri Kani, reivindicando o “direito inerente e legítimo” de retaliações ao sionismo, convocou uma reunião de emergência da Organização de Cooperação Islâmica (OCI). Kani realizou o convite em ligações telefônicas separadas com o Ministro das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Príncipe Faisal bin Farhan Al Saud, o Ministro das Relações Exteriores do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al Thani, o Ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, e o Ministro das Relações Exteriores do Egito, Badr Abdelatty.

Ao cruzar linhas vermelhas, cometer flagrante agressão terrorista sobre o martírio de Ismail Hanié e violar a segurança nacional da República Islâmica do Irã, o falso regime sionista representou sérias ameaças à segurança e estabilidade regionais”. Afirmou Kani. “Uma reunião de emergência da Organização de Cooperação Islâmica é essencial para abordar tais crimes flagrantes no martírio de Ismail Hanié e na violação flagrante da segurança nacional da República Islâmica do Irã”, complementou Kani.

O atentado sionista que assassinou Hanié foi condenado veementemente pelos ministros das Relações Exteriores da Arábia Saudita, Catar, Turquia e Egito. Além de anteciparem que Teerã tem o direito de defender sua integridade territorial.

A Arábia Saudita acolhe com satisfação a convenção proposta de uma reunião da OCI para investigar o martírio de Ismail Haniyeh e enfatiza a continuação das consultas entre os dois países”, anunciou Bin Farhan. O ministro das Relações Exteriores do Catar saudou Haniyeh, acrescentando: “Sua perda é um grande desastre para a Nação Islâmica“.

É necessário que todos os países da região condenem esse crime hediondo e tomem medidas decisivas para combater as ações terroristas do regime sionista”. Reiterou Fidan, da Turquia.

Milhares em luto

O cortejo fúnebre de Haniyeh e de seu guarda-costas, pelas ruas da capital de Teerã, atraiu a milhares de pessoas na capital. Com bandeiras da Palestina, do Hesbolá do Líbano e do Hamas tremulantes ao vento, faixas homenageando o líder palestino e o falecido general iraniano Qassem Soleimani, e distribuição de pôsteres de Hanié.

Em referência a promessa de sangue, uma bandeira vermelha foi içada na Mesquita Jamcaran na cidade sagrada xiita de Qom, ao sul de Teerã. Durante a noite, o edifício icônico, Torre Milad em Teerã, foi iluminado em vermelho.

A vingança pelo sangue do convidado está com o anfitrião, o mundo está esperando”. Estampava a manchete do jornal Keyhan, tema comum a outros jornais diários importantes. “Devemos dar uma resposta forte a “Israel”, qualquer coisa menos deixaria muitas pessoas infelizes”, declarou Hamid Hajian, participante do cortejo fúnebre, à Al Jazeera. “Parecia que poderia haver um acordo de cessar-fogo para Gaza, mas isso acabou agora. Conversar não está ajudando, espero que o Irã dê uma resposta mais forte do que da última vez”. Complementou Hajian, referindo-se a retaliação de 14 de abril a Israel, pelo ataque aéreo ao consulado de Teerã na Síria.

Míssil teleguiado

Segundo o vice-líder do Hamas na Faixa de Gaza, Khalil al-Haiia, em uma entrevista coletiva em Teerã na noite de quarta-feira (31/07) “um míssil entrou no quarto” de Haniyeh, vitimando-o e a seu guarda-costas. O ataque que “atingiu diretamente” o piso no andar do  prédio onde ele estava hospedado.

O edifico era parte da casa de hóspedes, no Complexo do Palácio de Saadabad, no norte de Teerã. As instalações atendiam hospedando os dignitários estrangeiros e servido para recepções da presidência iraniana, a chefes de estado em visitas oficiais.

Na mesma noite, o Sabereen News, um veículo afiliado ao Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC), divulgou imagens do local do assassinato. Foi exibido o prédio de vários andares, parcialmente coberto com uma lona preta que parecia, aparentando ter sofrido danos em dois andares.

Em entrevista, a imprensa estatal iraniana, um analista afirmou que provavelmente Hanié foi rastreado pelo celular. Esta consideração foi baseada no uso anterior do mesmo cartão SIM em território externo ao Irã.

A era dos ataques não contestados de ‘Israel’ chegou ao fim

Na cerimônia fúnebre de Hanié, o presidente do Parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, discursou denunciando que a ferocidade dos crimes de “Israel” decorrem de sua impotência perante a Resistência palestina.

Ghalibaf sinalizou que qualquer nova agressão da ocupação sionista seria um erro estratégico. Enfatizando que a era de ataques incontestáveis ​​do enclave imperialista de “Israel” e do seu patrocinador, os Estados Unidos, se encerrou. Garantindo que o Irã respondera apropriadamente e a ocupação israelense sofrera pesadas consequências pelos seus crimes.

Os palestinos reagem

Na Cisjordânia ocupada, o povo palestino abriu diversos confrontos com as forças de ocupação sionistas. A resistência eclodiu após a notícia do assassinato de Hanié, sendo dispersa em várias cidades da região.

Na província de al-Khalil, ao sul da Cisjordânia, houve uma marcha no campo de refugiados de al-Arroub. Os protestos foram duramente reprimidos pelas tropas sionistas, a juventude palestina respondeu os ataques com fogos de artifício direcionados as forças de ocupação.

Na cidade de Tarqumiyah, a oeste de al-Khalil, o veículo utilizado pelos colonos sionistas foi incendiado com coquetéis molotov pela resistência palestina. Os combatentes da resistência também atacaram veículos de colonos com pedras na cidade de Huuara, ao sul de Nablus. 

Conflitos foram relatados na província de Belém, com vários palestinos feridos em tiroteios de colonos na área de Khallat an-Nahla, perto da vila de Wadi Rahal, ao sul de Belém. Ao menos colonos também ficaram feridos, por pedras.

Os palestinos fecharam estradas perto do assentamento de Efrat. A juventude palestina também depredou veículos de colonos em Tuqu’twon, a sudeste de Belém.

Mesmo com repressão e sequestro das forças sionistas, que capturaram ao menos 6 pessoas em Nablus e na cidade vizinha de Urif, entre os palestinos sequestrados estavam dois ex prisionerios e um estudante da Universidade An-Najah. O campo de refugiados de Shu’fat em al-Quds e as cidades de Qalqilya, Anabta, Burqa e Dayr Istiya também foram palco de enfrentamentos.

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Última Atualização: 02/08/2024