O script do golpe está sendo cumprido nas eleições venezuelanas. Como se previa, a estratégia da Plataforma Democrática Unitária (PUD) foi, desde o início, sabotar as eleições e usurpar o poder, como apoio total da mídia “ocidental”, e do imperialismo. Não se trata de um mero golpe de estado clássico, mas uma estratégia de construção de uma narrativa de que as eleições foram ganhas pela oposição e o Governo Maduro teria agido de todas as formas para torpedear os “verdadeiros resultados”.
O presidente Nicolás Maduro ofereceu uma análise detalhada do que realmente ocorreu neste evento eleitoral. Apresentando provas factuais e circunstanciais, o presidente argumentou que os protestos e ataques sistemáticos não são meras reações espontâneas estimuladas pela narrativa de fraude, mas fazem parte de um plano insurrecional coordenado, concebido com o objetivo de desestabilizar, o governo e a revolução bolivariana.
O discurso da oposição foi que o povo, diante da manipulação da eleição a favor de Maduro, saiu às ruas e foi reprimido. E não se trata apenas de um discurso. O objetivo é criar uma descrição falsa do processo eleitoral e tentar convencer a todos que a oposição de Corina Machado ganhou as eleições. Maduro descreveu o plano premeditado que tem sido executado antes, durante e depois das eleições, onde grupos previamente organizados procuram gerar um clima de caos e desconfiança.
As ONGs, todas suspeitamente ardorosas defensoras da oposição, constroem um discurso assim: “Os resultados da eleição presidencial de 28 de julho anunciados pelo Conselho Eleitoral Nacional da noite passada produziram um grande número de manifestações e protestos pacíficos em grande parte do país que foram reprimidos, alguns com prisões arbitrárias.”
Mas há também algumas instituições que repetem o mesmo discurso, utilizando inclusive da contribuição de tão democráticas ONGs. Um exemplo é o relatório da golpista com grande currículo, a Organização dos Estados Americanos (OEA). Ele fundamenta sua decisão de julgar que a eleição não deve ser reconhecida nos seguintes termos:
“Este relatório contém um relato de ilegalidades, vícios e más práticas que ocorreram durante este processo eleitoral em particular, mas que se repetem em processos eleitorais recentes em Venezuela. A evidência denota uma tentativa do regime de ignorar a vontade da maioria expressas nas urnas por milhões de venezuelanos.”
A terminologia usada mostra uma clara tomada de posição política e ideológica sobre o “regime de Nicolás Maduro” e assume, durante todas as 24 páginas do “Informe” a perspectiva da chapa de oposição.
A realidade é justamente o contrário deste quadro: não se sabe a origem e a metodologia usada por estas “pesquisas de boca de urna” e nem muito menos a mesma coisa das “Atas da PUD- Plataforma Unitária Democrática, ou seja, da oposição fascista de Maria Corina. Como pode a OEA afirmar que a informação do órgão oficial encarregado de entregar os resultados eleitorais tem origem de informação desconhecida e metodologia também não conhecida?
O Conselho Permanente da Organização dos Estados Americanos (OEA) rejeitou em 31/07/24 a resolução que exigia transparência ao governo venezuelano relativamente às eleições de domingo, que deram a vitória a Nicolás Maduro, por não ter alcançado a maioria absoluta dos seus Estados-membros.
O projeto de proposta do órgão de 34 países americanos obteve 17 votos a favor, de países como Estados Unidos, Chile, Costa Rica e Equador, 11 abstenções além de Brasil, nações como a Colômbia, o México e caribenhos, nenhum voto contra e outras cinco ausências.
O relatório do “Centro Carter”, incensado pela imprensa brasileira e pela esquerda, vai no mesmo sentido.
A reação violenta de terroristas pagos em dólar
Na verdade, não foram manifestações pacíficas que saíram às ruas após a divulgação dos resultados, mas uma série de ataques de características terroristas, com destruição de prédios públicos, violências contra pessoas, contra pequenas empresas privadas, derrubada de estátua de Chaves e vários incêndios que marcaram a paisagem de Caracas e de quase todas cidades da Venezuela.
Foram capturadas mil pessoas envolvidas em atos de violência, muitas delas com antecedentes criminais e alteradas pelo uso de drogas. São grupos organizados, manipulados com o intuito de intimidar e aterrorizar a população.
O que distingue este evento dos protestos anteriores é a velocidade sem precedentes e alarmante com que as organizações armadas e os grupos criminosos assumiram o controle das manifestações. Ao contrário dos anos anteriores, onde a “sociedade civil” controlava e dirigia a encenação, desta vez testemunhamos como estes grupos violentos deslocaram os manifestantes “tradicionais”, transformando as ruas em autênticos campos de batalha.
Aparentemente esta fase do golpe de Estado fracassou. Mas ela é apenas o começo. Certamente o imperialismo está preparando cuidadosamente as novas fases cujo objetivo é questionar frontalmente o governo e exigir sua substituição por um governo “democrático”, isto é, a serviço dos interesses do imperialismo norte-americano e a burguesia venezuelana.