Diante das pressões dos setores financeiros no segundo semestre do ano para um aumento da taxa básica de juros, a Selic, e à beira da nomeação do presidente Lula ao novo comando do Banco Central, os presidentes da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI) fixaram posição e pediram, publicamente, a redução da Selic.

O gesto é um endosso das instituições que defendem a linha apelada pelo presidente Lula, de que é preciso o Banco Central reduzir a Selic para não ter impactos na inflação e economia brasileira. E é contrária ao atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, que insiste em manter os índices altos e lidera a pressão de outros investidores que também defendem a alta.

Nesta terça-feira, o presidente da Fiesp, Josué Gomes, criticou diretamente Campos Neto, afirmando que o presidente do banco adotou “um posicionamento político” e que tal comportamento ameaça a autonomia da autoridade monetária.

“Ele optou pessoalmente por um posicionamento político. Se acabarem com a autonomia do Banco Central, o ‘mérito’ vai ser todo do Campos Neto”, disse Gomes, durante um café com jornalistas, na Fiesp, nesta terça-feira.

Já em nota oficial, nesta quarta-feira, foi a vez do presidente da CNI, Ricardo Alban, criticar o Banco Central e os juros altos. Alban destacou que a alta da Selic impacta diretamente no custo de crédito alto, limitando o consumo e o investimento, além de comprometer a capacidade de o país investir, abrir novos postos de trabalho e ampliar a renda da população.

“A indústria é uma das maiores prejudicadas pelo nível das taxas de juros, que dificulta investimentos e a ampliação de capacidade produtiva. No fim, os brasileiros perdem em oportunidades de emprego e aumento de renda, comprometendo o bem-estar da população. Sem reduzir os juros, ficaremos presos nessa armadilha”, afirmou.

No comunicado, a instituição ainda apontou o spread bancário alto do Brasil que aumenta ainda mais o crédito e traz pouca oferta no mercado. De acordo com dados do Banco Mundial, o Brasil tem o terceiro maior spread bancário do mundo, de 27,4%, perdendo apenas para o Zimbábue e Madagascar.

“Esses fatores fazem com que volume de crédito na economia brasileira seja baixo”, divulgou a CNI.

“Para a CNI, por ter cadeias produtivas mais longas, as empresas industriais são as mais prejudicadas por esse acúmulo do custo do crédito, encarecendo o bem final e causando perda de competitividade do setor”, completou.

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Última Atualização: 31/07/2024