É impressionante como a guerra cultural da ultradireita banalizou todo o processo de análise da mídia. Consistiu em desmoralizar todos os rituais que caracterizam a democracia. Quando Milei sapateia nas instituições, ou Bolsonaro tentava dar dimensão de briga de bar nos confrontos com outros poderes, o que se queria era a desmoralização de todos os rituais que caracterizam a democracia.
O efeito se vê agora, nesse oceano de pataquadas – à esquerda, à direita e, especialmente, na mídia – sobre a posição de Lula em relação a Venezuela. O que tem de colunista, militante, editorial, condenando Lula, simplesmente por ter se recusado a botar lenha na fogueira. Tratam uma questão diplomática sensível com o mesmo senso de quem aprecia uma briga de bar. É impressionante a banalização da análise, especialmente em temas de geopolítica. Não fica nada a dever a uma discussão entre torcidas de futebol.

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Lula agiu como deve agir um mediador. Não condenou antecipadamente a eleição, não validou a eleição, e pediu as atas de votação, como prova de que houve ou não manipulação.
Simples assim, quando se trata das relações com outro país, e se sabe da relevância do Brasil para manter o equilíbrio no continente.
De quem efetivamente importa, Lula conseguiu os seguintes resultados:
- De Biden, um telefonema e a articulação conjunta de cobrar as atas das eleições.
“Biden ligou para Lula nesta tarde. Segundo o Itamaraty, o presidente teria falado ao norte-americano sobre a importância de publicar os comprovantes da eleição”
A Casa Branca disse que os dois países vão continuar monitorando os resultados. “Os dois líderes dividiram a perspectiva de que o resultado da eleição venezuelana representa um momento crítico para a democracia no hemisfério”, afirmou o governo norte-americano, por meio de nota”
“O candidato presidencial da oposição na Venezuela, Edmundo González Urrutia, agradeceu na noite de segunda-feira 22 o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo seu apoio a um “processo eleitoral pacífico”, referindo-se às eleições que ocorrerão no país no domingo, 28.
“Agradecemos as palavras do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, em apoio a um processo eleitoral pacífico e amplamente respeitado na Venezuela”, disse o ex-embaixador no X, antigo Twitter”
Comprovada a acusação de fraude, então que os países se posicionem.
No final do dia, Argentina e outros países da América Latina – cujos diplomatas foram expulsos por Maduro – pediram para o Brasil representá-los. Conforme um comentário no X, nada mais indicativo de que o Brasil é o adulto da sala.

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