O imperialismo e seus agentes mais extremados, a chamada extrema direita, tem hoje um plano comum, pelo menos para a América Latina. Na verdade, não há nada de novo desde que em 11 de setembro de 1973 Pinochet implantou, com seu regime de terror, uma espécie de laboratório do neoliberalismo. É uma política de terra arrasada, de expropriação de tudo aquilo que os trabalhadores haviam conquistado com os governos de esquerda ou reformistas. Nenhuma limitação à exploração dos trabalhadores pelo capital, em muitos casos, como no Brasil, reestabelecendo formas de trabalho escravo. Privatização de tudo que for possível de ser privatizado, inclusive do Banco Central, que é o regulador por excelência do que há de mais sagrado no capitalismo: a moeda.

O exemplo mais recente da implantação deste projeto na América Latina, é o que está sendo realizado na Argentina pelo Governo Milei. Se a extrema direita tivesse vencido as eleições na Venezuela, também seria implantado lá, já que o Plano apresentado pela candidatura Maria Corina Machado é talvez ainda mais violento que o do próprio Milei. De qualquer maneira, a ameaça paira sobre todos os países da América Latina, inclusive o Brasil.

A trajetória recente do governo Milei

A 12 de junho, o Senado argentino aprovou a chamada “Lei de Bases”, que já havia sido aprovada pela Câmara no último dia de abril. Esta lei é uma versão simplificada da chamada “Lei Omnibus” que não foi aprovada pela Câmara de Deputados. Foi a grande mobilização da classe trabalhadora argentina, as greves gerais, e o ambiente de revolta que se viveu em todo o país que provocaram este recuo e que estão por detrás do fato de que a versão aprovada ser um ataque um pouco menos selvagem contra os trabalhadores do que Milei pretendia inicialmente.

A recusa das Centrais Sindicais Argentinas em lutar contra Milei

Na Argentina existem hoje 3 Centrais Sindicais. A Confederação Geral do Trabalho (CGT) é a maior e mais tradicional, fundada em 27 de setembro de 1930. As outras duas foram fundadas em 2007. A União Geral de Trabalhadores (UGT): resultou da união de três centrais sindicais menores. A Central dos Trabalhadores Argentinos (CTA): origina-se de um grupo de sindicatos.

Lei de Bases aprovada no meio de uma repressão brutal

A “estratégia” da direção da CGT foi um fracasso, como já era possível predizer. O Senado, enquanto do lado de fora a polícia reprimia violentamente a revolta da população, aprovou a Lei de Bases por apenas um voto, o da vice-presidente do Senado Victoria Villarruel, do Partido Democrático de direita.

O grande apoio do imperialismo a Milei

Após a vitória de Milei no Senado, o FMI anunciou uma nova injeção de 800 milhões de dólares, que se juntam à dívida argentina de mais de 41 bilhões de dólares ao FMI.

Primeiros motins contra Milei, prenúncio de futuras revoltas

Na província de Corrientes, no norte do país, o governador, seguindo o exemplo de Milei, reduziu os salários dos funcionários públicos em 10%. Rapidamente eclodiram manifestações com confrontos com a polícia, lideradas por professores, guardas florestais ou membros do setor da saúde que não têm dinheiro para ir trabalhar, pagar o combustível e os bilhetes de autocarro e estão a comprar comida com os seus cartões de crédito, endividando-se.

A burguesia também está sendo atingida pela política de Milei. O Governo decidiu liberalizar as importações de produtos alimentares, medicamentos e outros bens essenciais. O seu objetivo, anunciado pelo porta-voz da presidência, era “tornar os preços mais competitivos em benefício das famílias e dos consumidores argentinos”. Qual foi o efeito desta política? A União Industrial Argentina (UIA) declarou em comunicado: “O anúncio afeta gravemente a competitividade das empresas que operam, produzem e empregam no país”.

A Ministra da Segurança, Patricia Bullrich tem desencadeado feroz repressão às manifestações populares. A principal medida adotada é o chamado “protocolo Antipiquete”, que está sendo questionado judicialmente pela oposição.

A próxima “manifestação” das Centrais argentinas

As entidades sindicais e populares anunciaram que se mobilizarão no dia 7 de agosto, como parte da marcha de diversos setores pelo Dia de São Cayetano. Segundo a central sindical, sua participação visa rejeitar o decreto presidencial DNU 70/23 que promove “danos incalculáveis aos direitos e à qualidade de vida de milhões de argentinos”. Além da manifestação as entidades anunciam “novas ações que permitam intensificar a arrecadação de assinaturas” contra o mega decreto.

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Última Atualização: 30/07/2024