Manifestantes de extrema direita israelenses, incluindo ministros e membros do parlamento, se reuniram no centro de detenção de Sde Teiman para protestar contra a prisão de nove soldados acusados de estuprar um prisioneiro palestino.

Os participantes chegaram a confrontar a polícia militar, enquanto agitavam bandeiras israelenses e tentaram impedir a prisão dos soldados, levados ao centro de detenção para interrogatório. “Desonra”, gritavam, sob a alegação de que os soldados estavam cumprindo o dever.

Os manifestantes tentaram ainda invadir a base militar de Beit Lid, para onde os soldados foram transportados, segundo a mídia local.

O chefe do exército de Israel condenou os protestos. “Invadir uma base militar e perturbar a ordem é um comportamento severo que não é aceitável de forma alguma”, disse o tenente-general Herzi Halevi em comunicado na segunda-feira.

“Estamos no meio de uma guerra e ações deste tipo colocam em risco a segurança do Estado. Condeno veementemente o incidente e estamos trabalhando para restaurar a ordem na base”, continuou Halevi.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu apelou a “um apaziguamento imediato das paixões”, pois “condenou veementemente” o ataque às instalações.

Entenda o caso

O prisioneiro estava nas instalações de Sde Teiman, criada para deter palestinos presos em Gaza após o início do conflito com Gaza, em 7 de outubro.

A polícia não divulgou detalhes adicionais sobre o abuso. Já a mídia local informou que o palestino foi levado a um hospital depois de sofrer ferimentos graves, acrescentando que não conseguia andar.

O historiador João Koatz Miragaya, do podcast Do Lado Esquerdo do Muro, divulgou a barbárie no X. Para ele, a manifestação favorável aos soldados “pode enterrar de uma vez por todas as instituições no país”.

“Cerca de 200 manifestantes, alguns encapuzados, invadiram a cárcere militar, onde também fica o tribunal militar. Vários deputados estão presentes, e Itzhak Kroizer ameaçou a procuradora do exército. Nem sinal da Polícia. Os soldados tentam conter o avanço dos vândalos, invitados por aqueles que deveriam zelar pela lei. Me custa acreditar que Ben Gvir não esteja por trás dessa omissão da Polícia. A qualquer momento os vândalos podem ser soltos. Vale sempre lembrar que um dos principais argumentos de Israel no tribunal de Haia é ter instituições sólidas, isentas, democráticas e funcionais. Hoje nós vemos uma instituição tentando fazer o seu trabalho, e não conseguindo. E pior: sendo boicotada pela Polícia”, apontou o historiador.

Miragaya defende também o afastamento imediato de Ben Gvir, assim como a prisão dos parlamentares que tentaram invadir as bases militares junto com os demais vândalos.

“Se esses soldados forem liberados, se a investigação não correr da maneira adequada, se não houver prisões de manifestantes violentos (alguns fardados, ou seja, soldados), e se deputados não forem punidos, vão abrir a porta do inferno.”

*Com informações do Al Jazeera.

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Última Atualização: 29/07/2024