No coração de Palermo, bairro nobre da capital argentina, Buenos Aires, milhares de pessoas cercaram a embaixada da Venezuela em meio às eleições presidenciais no país que deram vitória ao presidente Nicolás Maduro. A manifestação foi convocada por ministros de estado do governo de extrema-direita de Javier Milei (Liberdade Avança), enquanto centenas de cidadãos venezuelanos que habitam o país ainda votavam.

“Estamos em frente à embaixada da Venezuela aguardando o resultado das eleições junto com centenas de pessoas”, afirmou a ministra da Segurança da Casa Rosada, Patrícia Bullrich.

Não foi a primeira vez que a extrema direita da região ameaçou violar uma embaixada na América Latina. Em abril, a polícia equatoriana chefiada pelo presidente Daniel Noboa, um dos candidatos a Nayib Bukele do lado sul do hemisfério, invadiu a embaixada do México em Quito, para prender o ex-vice-presidente de Rafael Correa, André Arauz, um adversário político da atual presidência.

Diante do histórico violento e autoritário da direita latino-americana, a embaixadora venezuelana em Buenos Aires denunciou o cerco à embaixada do país em Buenos Aires. “Denuncio veementemente as ações intervencionistas irresponsáveis ​​e o cerco à nossa embaixada em Buenos Aires”, escreveu ela nas redes sociais.

“Patrícia Bullrich viola convenções internacionais e incita ao ódio e à violência. Considero-a responsável por qualquer agressão contra a nossa embaixada, o nosso pessoal diplomático e local, e os membros das mesas de voto que ainda se encontram na embaixada. Hoje tivemos um lindo dia de eleições e você pretende obscurecê-lo”, completou.

O próprio presidente Milei, na rede social X, disse que “a Argentina não vai reconhecer mais uma fraude e espera que desta vez as Forças Armadas defendam a democracia e a vontade popular”.

Ainda noite de domingo, um dos principais cabos eleitorais da vitória da Javier Milei, o ex-presidente Mauricio Macri, também incitou em suas redes sociais o exército bolivariano a deflagrar um golpe.

“Agora as Forças Armadas Venezuelanas têm a oportunidade de ficar do lado certo da história e garantir que a vontade do povo seja respeitada. Apelamos à comunidade internacional, e especialmente aos países da região, que devem garantir o compromisso com a democracia, para não permitir que esta ditadura se perpetue ao longo do tempo”, escreveu o correligionário de Bullrich.

No Chile, o líder da extrema direita José Antonio Kast Rist, afirmou em suas redes sociais que a Venezuela “segue sequestrada pelo narco comunismo” e que “chegou a hora da América Latina reagir e exigir a liberdade da Venezuela”. O mesmo Kast, em 1988, fez campanha pela continuação da ditadura de Pinochet no plebiscito nacional que decidiu pelo fim do regime.

As séries de manifestações e comportamentos da extrema direita latino-americana revelam a tentativa deste setor político em capitalizar apoio para avançar com a sua agenda de destruição do Estado e subserviência aos interesses imperialistas dos Estados Unidos através do discurso de que a Venezuela é uma ditadura narco comunista.

A senha para o início da confusão foi dada pela principal líder do fascismo venezuelano, María Corina Machado. Ao não aceitar o resultado das eleições, Corina convocou a oposição a permanecer “centros de votação até que os votos sejam contados e as atas sejam obtidas”. “Faremos prevalecer a verdade e respeitaremos a Soberania Popular”, bradou em discurso.

Corina tem unificado a oposição dentro da Venezuela. Mas mais que isso: desde 2020 reuniu a extrema direita mundial para ameaçar o processo eleitoral do país caribenho. Naquele ano, a venezuelana e o Vox, partido herdeiro do franquismo na Espanha, organizaram o Foro de Madri.

Entre os signatários da Carta de Madri, se destacam os brasileiros Eduardo Bolsonaro e Bia Kicis, o chileno José Kast, a cubana Zoé Valdés, a italiana Girogia Meloni, o argentino Javier Milei e o português André Ventura.

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Última Atualização: 29/07/2024