O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, candidato pela coalizão de esquerda Grande Pólo Patriótico, obteve 5,1 milhões de votos nas eleições presidenciais deste domingo (28/07), equivalentes a 51,20% do total, com os quais foi reeleito para o seu terceiro mandato.
Segundo o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o cenário obtido após a apuração de mais de 80% das urnas apuradas é irreversível, e mostra que Maduro impôs uma vantagem de cerca de 700 mil votos sobre o segundo colocado, o ex-diplomata Edmundo González.
O principal candidato opositor, representante da Plataforma Unitaria, reuniu 4,4 milhões, cerca de 44,02% dos votos. As demais oito candidaturas presidenciais somadas conquistaram 4,60%, cerca de 462 mil votos no total.
Após vencer as eleições, Maduro realizou um discurso para as dezenas de milhares de pessoas que foram comemorar sua reeleição em frente ao Palácio de Miraflores, sede do Poder Executivo, no centro de Caracas.
Maduro disse que “é preciso agradecer ao povo da Venezuela pela sua tenacidade, pela sua perseverança, pela sua consciência. Por ter enfrentado uma tremenda guerra psicológica, todas as redes sociais e as campanhas diárias para favorecer os demônios”.
“Este é um triunfo da paz, do diálogo e do entendimento. Um triunfo do ideal republicano, das ideias de igualdade”, disse Maduro, minutos antes de lembrar que a vitória aconteceu no dia em que seu antecessor, Hugo Chávez, completaria 70 anos se estivesse vivo, razão pela qual terminou a frase dizendo “este triunfo, comandante Chávez, é o seu triunfo”.
O presidente também disse ser “um homem de paz e de diálogo” e que deseja promover consultas populares a partir de agosto, para que “as comunidades assumam e debatam a profundidade os projetos que pretendem promover em suas localidades, e para que eles sejam aprovados pelo voto popular.”
“Neste mandato que vocês me deram, juro que darei minha vida inteira para levar adiante todas as mudanças e transformações que precisam a nossa pátria para se redirecionar a um destino de prosperidade, de crescimento, de paz, de felicidade social. para resgatar todos os direitos vulnerados pela guerra econômica e pelos mísseis imperialistas”, disse Maduro.
Outro momento marcante do discurso foi a resposta que ele deu ao presidente argentino Javier Milei, que horas antes havia publicado uma mensagem em suas redes sociais anunciando uma suposta derrota eleitoral do líder venezuelano.
“Milei: você não me aguenta em um round, bicho covarde, traidor da pátria. Você é um pedaço de fascista. Este povo (da Venezuela) disse não ao capitalismo selvagem, não ao fascismo e, daqui de Caracas, a Venezuela diz não a Milei, não ao nazifascista de Milei”, bradou Maduro.
Após essa declaração, o público presente passou a corear o verso em espanhol “Milei, basura, vos sos la ditacdura” (cuja tradução seria “Milei, seu lixo, você é a ditadura”), e o próprio Maduro decidiu acompanhar o coro popular e repetir o refrão.
Reconhecimento internacional
Enquanto os EUA e a União Europeia não reconheceram o resultado da eleição venezuelana, a Rússia e a China parabenizaram Maduro pela vitória. Segundo o Kremlin, Vladimir Putin enviou uma mensagem a Maduro nesta segunda. “Estamos desenvolvendo relações em todas as áreas, incluindo áreas sensíveis”.
A China, que mantém vínculos próximos com a Venezuela, felicitou Nicolás Maduro por sua reeleição e afirmou que está “disposta a enriquecer a associação estratégica” com o país latino-americano, informou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
O emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, também parabenizou Maduro pela reeleição: “Desejo a ele sucesso e a continuação do processo de desenvolvimento e construção em seu país, e ao seu povo amigo, contínua prosperidade, progresso e paz, esperando que nosso trabalho conjunto fortaleça nossas relações bilaterais em todos os campos”.
A oposição da Venezuela não aceitou o resultado. Para os opositores, González é o verdadeiro vencedor por, segundo eles, o resultado ir contra supostas pesquisas internas. “Espero que todos se mantenham firmes, orgulhosos do que fizemos, porque nos próximos dias vamos anunciar ações para defender a verdade”, disse Corina Machado, líder da oposição.