Neste domingo (28), ocorreram as eleições presidenciais venezuelanas. Mais uma vez, a direita pró-imperialista fez de tudo para derrubar o governo de Nicolás Maduro, a continuação do regime político bolivariano iniciado com Hugo Chávez. O governo Maduro se preparou para as eleições com antecedência, alcançando a fazer uma grande campanha política já em 2023 com a questão de Essequibo, a campanha eleitoral também foi gigantesca. No entanto, ao que tudo indica, a direita se prepara para uma nova campanha golpista.

Um total de 21.392.464, de uma população de 30 milhões, foram convocados às urnas para eleger, um entre 10 candidatos, Maduro ou nove da oposição. O presidente que governará a Venezuela durante o período de 2025-2031. Os dois principais candidatos se enfrentam: o presidente Nicolás Maduro, representante único do governo sob a aliança do Grande Polo Patriótico, que busca um terceiro mandato, e Edmundo González Urrutia da Plataforma Unitária Democrática (PUD), o principal bloco da oposição, é o candidato do imperialismo na eleição.

Cerca de 910 convidados e observadores de todas as partes do mundo, incluindo o Painel de Especialistas das Nações Unidas, a União Africana (UA), o Centro Carter dos Estados Unidos, o Conselho de Especialistas Eleitorais Latino-americanos, o grupo BRICS, e outros supervisionam o processo eleitoral.

Maduro abriu as eleições, votou às 6 da manhã e declarou: “Ninguém levará a Venezuela ao caos, para isso temos uma justiça eleitoral. Eu, Nicolás Maduro, me comprometo a respeitar a justiça eleitoral e convido todos os partidos a respeitarem o órgão regulador”.

Um dos observadores internacionais foi Brian Mier, do Brasil 247, ele relatou sobre o ambiente nos locais de votação que o clima é de otimismo e participação ativa. “Estou numa escola onde está ficando cada vez mais cheia”, disse Mier. “Estão colocando cadeiras para as pessoas não ficarem cansadas enquanto esperam para exercer seu direito de votar”. Mier também observou a presença grande de cidadãos idosos e pessoas com deficiência que foram às urnas, ressaltando a acessibilidade e o empenho dessas pessoas em participar do processo democrático.

A agência de pesquisa venezuelana Hinterlaces publicou uma pesquisa feita ao meio-dia. Maduro apareceu com 54,57% dos votos. Edmundo González Urrutia, aparece em segundo lugar, com 42,82%. A pesquisa também indicou que a participação popular no pleito será em torno de 61,5%. Na Venezuela, para votar, é preciso ter ao menos 18 anos e o voto não é obrigatório. Já a agência norte-americana Lewis & Thompson também indicou que Maduro venceria com 55% dos votos.

A direita prepara um golpe de Estado

Na sua análise política de sábado (27) o presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, comentou sobre as expectativas para as eleições venezuelanas. Ele destacou a declaração de Lula que criticou Maduro:

“Lula deslanchou uma onda de direitismo em setores de esquerda, seria o caso até de analisar se são de esquerda. Nicolás Maduro fez uma declaração óbvia. Se a direita comprada pelo imperialismo golpista e criminosa, que apoiam o sionismo na Palestina ganhar a eleição, o que vai acontecer? Vão distribuir flores para a população? Vão estabelecer o regime mais democrático do mundo? Ou vai ter um banho de sangue contra a população e os militantes de esquerda? Maduro decretou o fechamento das fronteiras porque ele não quer ser surpreendido por alguma arruaça da direita que vai ser apoiada por governos latino-americanos ou pelo governo norte-americano. Ele fechou a fronteira para não ter infiltração, não vão ter operações dos ‘democráticos’ serviços de inteligência dos EUA, da CIA, do NSA etc. Só alguém fora da realidade falaria que isso não é uma possibilidade.”

O ministro da Defesa, Vladimir Padrino, se pronunciou durante as eleições: “A projeção que tenho é que todo o processo se realize em paz e com civismo”. E continuou: “Estamos também cuidando de nossas fronteiras. Nossas fronteiras estão fechadas. Estamos cuidando de nossos espaços marítimos, aéreos… Todos os espaços estão sendo devidamente cuidados pela Força Armada Nacional Bolivariana enquanto o povo da Venezuela vota”. O governo fechou as fronteiras durante o processo eleitoral para evitar qualquer tipo de intervenção internacional, algo que aconteceu nos últimos nas tentativas golpistas dos EUA.

Rui Costa Pimenta ainda comentou: “A intenção da oposição venezuelana é dar um golpe de Estado. Mas esse setor da esquerda [que está contra Maduro] está cada vez mais na mão do imperialismo. Não é apenas esse acontecimento, é uma sequência de acontecimentos. Apoiam a Kamala Harris e apoiam o golpe de Estado na Venezuela. É uma vergonha. Eu não acho que o Lula defende o golpe de Estado, acho que ele é a favor da Venezuela. Mas a política que ele leva adianta é muito ruim e faz com que a direita levante a cabeça. Se o Maduro ganhar a eleição e falarem que foi fraude no Brasil devemos nos voltar contra. Isso é um golpe de Estado. Os que estão fazendo isso são os artistas do golpe de Estado, que já tentaram várias vezes na Venezuela”.

As críticas da oposição pró-imperialista já começaram. Maria Corina Machado, uma das lideranças da oposição, declarou pouco antes do fechamento das zonas eleitorais: “Uma questão muito importante refere-se às atas, de acordo com o artigo 337 do regulamento da Lei Orgânica dos Processos Eleitorais, as testemunhas têm direito às suas atas. Está também contemplado na página 17 do manual de votação: as nossas testemunhas têm direito às suas atas, e nenhuma testemunha sai do seu centro de votação sem ter a ata em mãos”.

Ela também declarou que: “Em nosso monitoramento, houve 1.300 seções em que nossos observadores tiveram dificuldades para entrar. No momento, há apenas 13 mesas com problemas”. Machado disse que 18 seções eleitorais das 30.000 em todo o país “não puderam ser instaladas”. A líder da oposição também relatou uma “lentidão no processo e na digitalização dos cartões de identidade que não é justificada de nenhuma maneira. Esperamos que isso seja resolvido e acelere o processo”. No entanto, Machado afirmou que esses foram “exceções a um processo que se desenvolve pacificamente”.

Ou seja, a direita está apenas deixando a porta aberta para a campanha de acusar que as eleições foram fraudadas. Quem definirá como e quando essa campanha avançará será o imperialismo. Ao fechamento desta edição a tendência era da vitória clara de Nicolás Maduro. O que não estava claro era qual seria a política da direita pró-imperialista após mais uma em uma sequência de derrotas.

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Última Atualização: 29/07/2024