Rayssa Leal durante as Olimpíadas. Foto: reprodução

A skatista brasileira Rayssa Leal, que disputa a medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris, conseguiu dar um “jeitinho” de driblar a regulamentação da competição e transmitir uma mensagem religiosa durante a transmissão enviada ao mundo inteiro. No momento em que era apresentada ao público, com as mãos, ela usou a Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) para afirmar que “Jesus é o caminho, a verdade e a vida”.

Enquanto a organização do evento esportivo prega pela laicidade em busca de uma isonomia, a uma lei da França impediu que atletas do próprio país, mas de religiões islâmicas, fossem convocadas aos jogos.

Uma lei avalizada pela extrema-direita impede que cidadãos, independentemente do lugar, usem o véu islâmico hijab, acessório para mulheres muçulmanas que esconde o rosto por quase que completamente. A alegação é que o item facilitaria supostos atentados terroristas, em uma regulamentação considerada xenofóbica.

Porém, se o gesto de Rayssa possa desagradar o Comitê Olímpico Internacional (COI), o recado bíblico caiu no gosto dos brasileiros que alegam defender o cristianismo. Na sexta-feira (26), durante a cerimônia de abertura, uma suposta paródia do quadro “Última Ceia”, de Leonardo da Vinci, reviveu Jesus e os apóstolos sendo interpretados por mulheres, transsexuais, drags e pessoas pretas.

No entanto, o COI explicou que a referência foi feita à obra “Festa dos Deuses”, de Jan Harmensz van Bijlert, pintada por volta de 1635 e mantida no Museu Magnin em Dijon. Na pintura, o centro da mesa é ocupado por Apolo coroado, e não por Cristo. A retratação começa com a chegada de Dionísio/Baco, representando o deus greco-romano do vinho e das festas.

A apresentação irritou religiosos e, sobretudo, políticos da extrema-direita que interpretaram o movimento como uma sátira direta aos cristão. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi ao X, antigo Twitter, para dizer que “com Deus não se brinca”, citando uma passagem bíblica.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também se manifestou sobre o evento. Em sua conta, ele escreveu que “as Olimpíadas começaram fazendo uma zombaria demoníaca da fé cristã”.

O bolsonarista, que ficou famoso ao expor uma aluna de 14 anos em um banheiro de uma escola, também compartilhou um post que reclamava da presença de “crianças nessas coisas LGBT”, querendo associar a uma possível pedofilia pela simples participação infantil na performance.

Porém, vale lembrar que o cristianismo faz parte do mito fundador da nação francesa, com a Catedral de Notre-Dame, por exemplo, sendo construída a partir do ano de 1163. Portanto, a abordagem sobre a religião que faz parte da identidade do país sede das Olimpíadas é interpretada como autocrítica ao fundamentalismo, não uma “zombaria com a fé alheia”, como vendem os bolsonaristas.

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Última Atualização: 28/07/2024