Daniel Gonzaga lança um novo álbum de inéditas, chamado Maestrias. O trabalho conta com diversas participações, incluindo de Fagner, Zeca Baleiro, Anastácia e Quinteto Violado, além da cantora Natascha Falcão, dos mestres Nando Cordel e Xico Bezerra, do flautista Gabriel Rezende (de apenas 12 anos) e dos cantores e sanfoneiros Cezzinha e Flávio José.

“Esse trabalho foi baseado nos grandes mestres. O Brasil tem o problema de esquecer seus mestres”, disse o cantor e compositor a CartaCapital.

Ele relata que o estímulo para o novo disco foi o momento em que passou a compor com Anastácia, que foi amiga de seu avô, Luiz Gonzaga, e é a autêntica rainha do forró. Daniel despertou a partir desse encontro para compor com outros mestres, como Xico Bezerra e Nando Cordel.

O álbum tem forte acento de matrizes nordestinas, ascendência do avô, e influência de sua formação musical em casa, com o pai. “Não tenho jeito de fugir de uma visão de MPB da minha vida musical”, diz. “Gonzaguinha vinha para mim com violão e voz. Junta isso com as músicas que minha mãe escutava e um pouco de rock Brasil da minha época. Misturo tudo isso.”

Outro projeto no qual está envolvido é a produção de uma série para a televisão, que segue a linha de reconhecimento dos mestres do Nordeste.

“A gente vem gravando uma série chamada Gonzaguianos, sobre essas pessoas que detêm o legado do Luiz Gonzaga. Poderia falar aqui de superfãs, mas gonzaguianos são bem mais que isso. Eles são detentores da cultura brasileira.”

Ele e a esposa, a produtora Carolina Albuquerque, neta de Anastácia, percorreram há pouco tempo, por cerca de 45 dias, aproximadamente 7.500 quilômetros, atravessando sete estados do Nordeste, com o objetivo de entrevistar pessoas ligadas à cultura local.

“A ideia foi conversar com várias pessoas para saber também quanto Luiz Gonzaga está dentro dessa cultura brasileira. A resposta foi fenomenal, de como ele é ainda um pilar. Tenho trabalhado muito em torno disso.”

Daniel relembra que na pandemia reviu alguns conceitos de manifestação cultural. “Cada vez que tenho contato com esses mestres, aprendo mais. Gostaria de retornar isso para a sociedade brasileira com essas discussões.”

Como parte do seu projeto de lançar luz sobre as culturas locais que sofrem um processo de apagamento, o músico começou também a ministrar palestras para crianças e jovens.

“São palestras em escolas para a gente falar da importância não só da cultura brasileira, mas da manutenção da propriedade intelectual, de uma coisa que vem correndo risco com as práticas atuais, principalmente por conta da questão da inteligência artificial.”

O cantor, que morava no Rio de Janeiro, conheceu a terra do avô, Exu (PE), aos 7 anos. Segundo ele, foi algo de grande impacto. Nas últimas andanças pelo Nordeste, Daniel disse que encontrou um sertão ainda muito criativo.

“Percebi que a cultura vira um produto nas mãos de uns, mas ela não está disponível para todos. Percebi também que o trio de forró continua perdendo espaço e ganhando muito pouco dinheiro com relação aos grandes artistas que frequentam as festas locais.”

Ele destaca, porém, que no período de São João conseguiu ver dezenas de fogueiras na porta das casas, uma antiga tradição.

Assista à entrevista de Daniel Gonzaga:

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Última Atualização: 28/07/2024