Aos inimigos, tudo. Aos amigos, nada. Dessa forma se resumem alguns elementos da esquerda brasileira, que comemoram a possibilidade de Kamala Harris, mas esbravejam contra uma possível reeleição de Nicolás Maduro, presidente de esquerda que lidera seu povo contra as sanções impostas pelo imperialismo. Durante participação no programa UOL News desta sexta-feira (26), o colunista do UOL, Leonardo Sakamoto, fez duas críticas ao presidente Nicolás Maduro, utilizando o momento para criticar também a oposição venezuelana, dando um ar esquerdista à sua crítica, destacando figuras como Juan Guaidó e a candidata inabilitada María Corina. Sakamoto ressaltou que a oposição também possui um histórico problemático, afirmando que “não é santa na Venezuela”.
Em seu mais recente comentário, ele focou muito tempo em abordar as “complexidades” da política venezuelana, afirmando que a narrativa simplista de heróis e vilões não se aplica ao contexto atual. Ou seja, na prática, há quem bate e quem apanha, mas não há certo e errado. O que bate está certo na mesma intensidade que o que apanha do imperialismo está errado, para o colunista.
Sakamoto apontou que Nicolás Maduro, no poder desde 2013, tem governado de maneira autocrática. O que seria isso, no entanto, não passou de eco de alguma matéria genérica da Globo. Ele destacou que Maduro tem agido de forma a concentrar o poder, suprimir a oposição e controlar os meios de comunicação. Essa centralização de poder e suposta repressão tem sido a história contada por Washington e comprada por suas filiais na América Latina, sendo repetidas por Bolsonaro, Milei e Macri, os que deram o golpe em Evo na Bolívia e nessa estirpe que se diz representada e respaldada pela tal “comunidade internacional”.
Apesar das críticas a Maduro, Sakamoto também destacou que a oposição venezuelana, representada por figuras como Juan Guaidó e María Corina, não está isenta de críticas. “A oposição ao presidente Nicolás Maduro, sobretudo as figuras de Juan Guaidó e a candidata inabilitada María Corina — que agradeceu apoio do presidente argentino Javier Milei —, também não é santa na Venezuela devido ao seu histórico”, afirmou o colunista. “Também não é santa”. Enquanto um é repressor, ditador, centralizador, autoritário, autocrático e seja lá o que for, a outra apenas não é santa. Apóstola, talvez. Santa não é.
Guaidó, que se proclamou presidente interino da Venezuela em 2019, e María Corina, que foi impedida de concorrer nas próximas eleições, têm sido figuras polarizadoras na política venezuelana, não por divergência ideológica normal, mas por quererem derrubar o regime chavista da Venezuela, tirando o poder do povo e vendendo o país as petroleiras e ao imperialismo. Sakamoto lembrou que ambos têm um histórico “controverso” e que, apesar de se apresentarem como alternativas a Maduro, também carregam consigo críticas. De certa forma, o que disse é um grande “tanto faz” entre o imperialismo ou o chavismo.
Neste domingo (28), Nicolás Maduro tentará se reeleger por mais seis anos na presidência da Venezuela. A eleição ocorre em um contexto de intensa crise econômica, política e social, provocadas sobretudo pelas sanções do imperialismo, com manifestações medianas. Vindo de um grupo que tanto fala que algumas políticas em defesa dos trabalhadores, como a defesa da liberdade de expressão, é “jogar água no moinho da direita”, soa um tanto quanto irônico ver um caminhão pipa ser jogado no moinho da direita venezuelana e imperialista, que deseja transformar o maior reduto de resistência na América do Sul em uma colônia que entrega seus bens aos banqueiros norte-americanos.