Quando Xande de Pilares lançou o álbum Xande canta Caetano, no ano passado, ainda promovia a turnê de seu projeto solo, um híbrido de samba tradicional com pagode.

Para quem não assistiu, trata-se de uma apresentação básica – formada por uma banda de apoio tocando apenas o indispensável – cuja centralidade está em Xande, que segura o público com voz e carisma.

Agora, o cantor pega a estrada para apresentar o trabalho em que grava canções de César. É um projeto quase oposto ao anterior, já que o repertório do baiano impõe instrumentistas com apuro musical, além de preparo do cantor em interpretações refinadas, sem exageros, com intensidade vocal variada para letras engenhosas.

O músico foi certeiro e correspondeu bem, tanto que o disco teve uma repercussão muito maior do que ele esperava.

Mas não foi só a interpretação de Xande que ajudou. A banda que gravou o disco é de primeira linha e tem nomes como Pedro Baby, Carlinhos Sete Cordas, Rogério Caetano (violões), Dirceu Leite (sopros), Hamilton de Holanda (bandolim), Gabriel Grossi (gaita), Bebê Kramer (acordeão) e Guto Wirtti (contrabaixo), além de Pretinho da Serrinha na produção musical e nos arranjos. Enfim, um timaço.

Ficou, então, a expectativa do show. E, de fato, a apresentação é fiel ao disco, mesmo com uma banda diferente e apenas a manutenção de Pretinho na produção. O cantor se apresenta bem e revitaliza as músicas.

Xande canta as dez músicas de César gravadas no disco: Muito Romântico, Luz do Sol, Qualquer Coisa, Alegria, Alegria, Trilhos Urbanos, Tigresa, Diamante Verdadeiro, O Amor, Lua de São Jorge e Gente.

Entraram ainda no espetáculo Reconvexo, Queixa, Trem das Cores, Força Estranha, Desde que o Samba É Samba, Lua de São Jorge e A Luz de Tieta.

No único show que realizou em São Paulo, no último sábado 20, Xande contou que achava que a canção Muito Romântico era de Roberto Carlos e que Luz do Sol era de Gal Costa. Foi sincero ao reconhecer que não era um profundo estudioso da obra de César.

Também se disse nervoso e surpreso com a casa de espetáculos lotada. A sua interpretação de Força Estranha, quase à capela, acompanhada só de cordas, foi fenomenal e aplaudida de pé. Gente, a música que fecha o show (antes do bis), Xande canta de forma sublime.

Embora jovem, a banda composta por dois violões (Marcelo Minius e Igor Souza), um cavaco e bandolim (Juan Fellipe), um baixo (Willian Pereira), um sopro (Dudu Oliveira), três percussões (Larissa Umaytá, Didão e Quininho – este irmão de Pretinho da Serrinha) e uma no coro (Karla Pietro) segurou bem, com direito a solos de banjo e sopros.

É um show bom de assistir. No bis, Xande canta a excelente Trilha do Amor, dele com André Renato e Gilson Bernini, gravada de forma exuberante por Arlindo Cruz em duo com César no álbum ao vivo Batuques do Meu Lugar (2012).

O bis segue com músicas da carreira solo, Velocidade da Luz, Do Jeito que a Vida Quer (de Benito di Paula) e Deixa Acontecer, além de sambas-enredo de sua escola do coração (Salgueiro): Bahia de Todos os Deuses (1969) e Explode Coração (1993).

Um bis encerrado com Trilho do Amor e Tá Escrito (que faz parte do repertório da irmã do homenageado, a brilhante Maria Bethânia) seria mais adequado ao tema do show.

A turnê já havia passado por Salvador e Belo Horizonte. Agora, segue para Rio de Janeiro (sábado 27), Brasília (2 de agosto, na Praia Festival), São Paulo (8 de setembro, Coala Festival) e Natal (18 de outubro).

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Última Atualização: 27/07/2024