As autoridades venezuelanas impediram que um grupo de ex-presidentes latino-americanos viajasse para Caracas, onde os ex-mandatários, todos fortes críticos da gestão de Nicolás Maduro, pretendiam observar as eleições presidenciais de domingo no país. O governo panamenho denunciou o ocorrido.

O voo CM 222 da companhia aérea panamenha Copa Airlines, que transportava quatro ex-presidentes da região para a Venezuela, não conseguiu decolar do aeroporto de Tocumen “por conta do bloqueio do espaço aéreo venezuelano”, afirmou o presidente panamenho, José Raúl Mulino, em sua conta na rede social X.

O grupo é composto pelos ex-presidentes Miguel Ángel Rodríguez (Costa Rica), Jorge Quiroga (Bolívia), Vicente Fox (México) e Mireya Moscoso (Panamá), todos membros da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (Grupo Idea), um fórum que se proclama defensor da democracia na região.

O voo pôde partir depois que os ex-presidentes, que inicialmente se recusaram a desembarcar do avião, decidiram sair e se dirigir ao palácio presidencial do Panamá para oferecer uma coletiva de imprensa.

“Queríamos estar com vocês (…). Dói em nossa alma, queremos uma Venezuela livre (…). Vão votar” e cuidem do voto “para que não o roubem”, disse Moscoso na aeronave, entre aplausos de vários passageiros venezuelanos, segundo vídeos que circulam na rede social X.

Na quarta-feira, Diosdado Cabello, vice-presidente do Partido Socialista de Venezuela (PSUV), havia advertido que, se os líderes viajassem, seriam expulsos.

“Não estão convidados, são ‘showseros’ (…). Se aparecerem no aeroporto, meu Deus! O que vai acontecer? Expulsamos, expulsamos, não tem problema” porque “são inimigos deste país, são fascistas (…). Aqui não vão vir para perturbar”, afirmou na televisão.

Os ex-presidentes latino-americanos haviam se reunido no Panamá para viajar juntos à Venezuela. Também fazia parte da comitiva a ex-vice-presidente colombiana Marta Lucía Ramírez.

A situação causou o atraso de outros voos que tinham a Venezuela como destino e também saíam de lá, segundo as autoridades panamenhas.

O chanceler panamenho, Javier Martínez-Acha, repudiou, na coletiva de imprensa ao lado dos ex-presidentes, o bloqueio do voo e disse ter convocado a representante da missão diplomática da Venezuela no Panamá para pedir uma explicação sobre o incidente.

Também na quarta-feira, o ex-presidente argentino Alberto Fernández afirmou que o governo da Venezuela lhe pediu para não viajar para atuar como observador das eleições de domingo, alegando “dúvidas sobre [sua] imparcialidade”.

Maduro busca nas eleições de domingo um terceiro mandato consecutivo e enfrenta Edmundo González Urrutia, representante da líder da oposição, Maria Corina Machado, impedida pela justiça de exercer cargos públicos.

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Última Atualização: 26/07/2024