O governo central acumulou um déficit primário de R$ 68,698 bilhões no primeiro semestre de 2024, informou o Tesouro Nacional nesta sexta-feira. O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, afirmou que os resultados fiscais devem melhorar na segunda metade do ano, com a expectativa de atingir a meta de déficit zero.
Em junho, o governo registrou um déficit primário de R$ 38,836 bilhões, acima da previsão dos analistas, que esperavam um déficit de R$ 37,4 bilhões. No mesmo mês do ano anterior, o saldo negativo foi de R$ 45,067 bilhões.
Desempenho das Contas Públicas
O resultado inclui as contas do Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social. A receita líquida, que exclui transferências para governos regionais, aumentou 5,8% acima da inflação em comparação com junho de 2023, totalizando R$ 160,482 bilhões. Por outro lado, a despesa total cresceu 0,3%, atingindo R$ 199,318 bilhões.
Expectativas para o Segundo Semestre
Em coletiva de imprensa, Ceron destacou que o resultado do primeiro semestre foi influenciado por antecipações de despesas sazonais. Ele acredita que os resultados fiscais irão convergir para a meta no segundo semestre. “Considero crível ficar dentro do intervalo da banda”, afirmou, referindo-se à tolerância de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) para cima ou para baixo.
Receita e Despesas
O recolhimento de tributos administrados pela Receita Federal, como Imposto de Importação, IPI e Cofins, foi um destaque nas receitas de junho. Nas despesas, houve um aumento significativo nos desembolsos de Benefícios de Prestação Continuada (BPC), devido ao crescimento do número de beneficiários e aos aumentos reais do salário mínimo em 2023 e 2024.
Ceron enfatizou a necessidade de monitorar as despesas do BPC e da Previdência com cuidado, afirmando que ajustes devem ser feitos de forma justa e correta. “Você vê um resultado fiscal positivo no Tesouro Nacional, mas que é totalmente consumido pelo déficit previdenciário”, disse.
Projeções Fiscais e Ajustes Necessários
Nos últimos 12 meses, as contas do governo central acumularam um déficit de R$ 260,7 bilhões, equivalente a 2,29% do PIB. Recentemente, os ministérios do Planejamento e da Fazenda anunciaram a necessidade de cortar R$ 15 bilhões em verbas ministeriais para manter a projeção de déficit primário em R$ 28,8 bilhões, dentro do limite da meta de déficit zero.
Ceron argumentou que as variações na taxa de câmbio e na curva de juros não indicam uma piora nas projeções fiscais, mas sim uma mudança na perspectiva para a política monetária.
Ele afirmou que o controle da inflação e o desempenho do resultado primário contribuirão para a retomada dos cortes na taxa Selic pelo Banco Central, melhorando as perspectivas futuras.
“Se estivermos dentro da nossa expectativa, vamos ter melhora que vai contribuir para perspectiva futura”, concluiu.