O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não acredita que a mudança na corrida eleitoral à Casa Branca possa prejudicar as relações entre Brasil e Estados Unidos. Em entrevista a correspondentes de agências internacionais, nesta segunda-feira (22), em Brasília, Lula elogiou o presidente norte-americano, Joe Biden, que, a menos de quatro meses para a eleição, desistiu de buscar um segundo mandato.
Ao responder a uma pergunta da jornalista Simone Iglesias, da agência Bloomberg, o presidente brasileiro destacou que poucos líderes mundiais se dedicaram mais à classe trabalhadora do que Biden. “Fiquei feliz quando ele ganhou e fiquei muito mais feliz com os discursos que ele fez em defesa dos trabalhadores”, declarou Lula.
“Ele disse coisas no discurso dele que, se fossem ditas em outro país, o cara que fez o discurso seria chamado de progressista. Porque ele disse textualmente que quem produz a riqueza dos EUA são os trabalhadores, não são os empresários”, agregou o brasileiro.
De acordo com Lula, o governo brasileiro não vai se posicionar em relação às eleições norte-americanas, nem mesmo sobre a provável indicação da vice-presidenta Kamala Harris como candidata do Partido Democrata, no lugar de Biden. Tampouco opinará sobre a saída de Biden da disputa.
“Eu disse no início, quando se começou a discutir se ele ia sair ou não, que dependia dele. Somente ele pode entender se tem condições ou não tem condições”, disse Lula. “O meu papel não é escolher o presidente dos EUA. Meu papel é conviver com quem é o presidente.”
Na eleição marcada para 5 de novembro, o ex-presidente Donald Trump será o candidato do Partido Republicano. Os democratas farão sua convenção nacional em 19 de agosto para definir quem vai substituir Biden e representar o partido.
“Seja um candidato democrata, seja o Biden, seja o Trump, a nossa relação vai ser uma relação civilizada de dois países importantes, que têm uma relação diplomática de séculos. Temos parcerias estratégicas importantes com os EUA e nós queremos manter”, enfatizou Lula. “Que vença aquele que for o melhor, aquele em quem o povo americano votar.”
Em setembro passado, Lula e Biden assinaram, em Nova York, a Parceria pelos Direitos dos Trabalhadores e das Trabalhadoras. O tratado, inédito no mundo, teve apoio da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e reforçou a luta por empregos dignos.
“Ele me convidou para fazer junto com ele uma parceria estratégica para o trabalho decente nesse país”, recordou Lula. “Assumimos um compromisso que está funcionando entre o governo brasileiro e o governo americano, entre os trabalhadores brasileiros e os trabalhadores americanos.”