Na seção Espaço Aberto desse dia 22, no jornal O Estado de S. Paulo, foi publicado artigo chamado Por um pacto de educação antirracista em que o racismo seja intolerável, assinado por Anna Helena Altenfelder, Eduardo Dias de Souza Ferreira e Eliane Leite.

A preocupação dos autores é combater o racismo dentro das escolas. Para isso, eles propõem um “pacto antirracista”, defendendo que o racismo é “intolerável”.

Uma leitura desatenta do texto parece não trazer maiores implicação. Não parece nada mais do que uma opinião abstrata sobre o problema do racismo e como resolvê-lo nas escolas. Mas não é assim.

As propostas contidas no artigo refletem a atual política da burguesia imperialista: a repressão em nome do “bem”. Nesse caso, o “bem” é o antirracismo. Em nome dele, pode-se fazer qualquer coisa.

A escola deixa de ser um local cujo principal objetivo é educar. Antes de qualquer coisa, é preciso combater o racismo.

A educação deve ser baseada na ameaça constante da repressão. Não se explica para a criança o que é o racismo etc. O que se ensina é que é crime e que se “sair da linha” vai sofrer as consequências.

A tarefa número 1 é educar, ensinar, transmitir conhecimento. Se depender dos autores, a escola deixaria de ser um local de progresso humano e se transformaria num ambiente repressivo.

E se o pacto for quebrado? Nesse caso, o racismo segue intolerável e a gestão dos conflitos se torna urgente. A escola pode se valer de ciclos restaurativos, que incluam, dentre outras ações, acolher respeitosamente quem sofreu o ataque, explicitar o ato racista a quem o realizou e adotar medidas disciplinares e até legais, a depender da situação.

Vamos educar, se não der, chame a polícia. Aquela conhecida por matar negros.

A repressão não resolve nenhum problema na sociedade, na escola ela tem ainda menos eficiência. Na sociedade, a repressão só resulta em mais gente na cadeia, pobre e negros. Na escola, a repressão vai produzir um efeito contrário ao que se quer e isso é simples de compreender.

Outra contradição dos autores é que uma “pedagogia” repressiva não vai tornar a escola um “espaço de socialização e de proteção”. Os jovens estarão submetidos na escola às mesmas arbitrariedades, perseguições, injustiças que sofrem fora dela.

Tudo o que foi exposto no artigo conta ainda com a típica abstração identitária. O que seria o racismo para os autores do texto? Eles não explicam. Poderia ser desde uma piada de uma criança falando do cabelo da outra até um estudante branco matar um estudante negro. Ao igualar tudo em “racismo intolerável”, o que os autores querem é um clima repressivo, que regule tudo o que será falado, já que tudo pode ser o tal “racismo estrutural” em ação.

Categorizado em:

Governo Lula,

Última Atualização: 23/07/2024